27/12/07 14h47

Internacionalização movimenta mais de US$ 7 bi em aquisições

Valor Econômico - 27/12/2007

A aquisição da siderúrgica argentina AcerBrag pelo grupo Votorantim, anunciada ontem, encerra 2007, salvo alguma surpresa de última hora, como o ano mais intenso de internacionalização brasileira no setor. Ao todo, as compras de ativos no exterior vão superar a marca de US$ 7 bilhões. Esse movimento é capitaneado pelo grupo Gerdau, que sozinho arrematou uma dúzia de ativos na América do Sul e Central, nos Estados Unidos e na Índia, com desembolso de US$ 6,46 bilhões. Nesse valor não está incluída a dívida de US$ 215 milhões herdada na compra da Macsteel (divisão de aços especiais da Quanex). O grupo Votorantim, que desde 2001 iniciou seu processo de internacionalização, inicialmente com cimento e depois zinco, ampliou seu apetite com gasto de mais de meio bilhão de dólares na siderurgia neste ano. No começo do ano, comprou a colombiana Acerías Paz del Rio por US$ 491 milhões e agora 27% da AcerBrag por valor não revelado pela companhia. Com base em reavaliação da siderúrgica argentina encomendada pelos donos, o valor deve ter ficado entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, segundo analistas de banco do setor. Para Germano Mendes de Paula, professor-doutor da Universidade Federal de Uberlândia e especialista em siderurgia, o movimento de internacionalização de empresas do setor não é exclusivo. "É um retrato do que ocorre com companhias de vários setores que definiram a ida para o exterior como parte de sua estratégia de crescimento". Ele aponta que isso tem ocorrido principalmente com empresas de commodities, mineradoras, siderúrgicas e outras ligadas à indústria de base (início da cadeia produtiva). Segundo o especialista, o foco do movimento brasileiro se concentra nos setores maduros, nos quais prevalece expertise na capacidade de gestão do que o domínio tecnológico, além de apetite e disponibilidade de caixa. E todas são lucrativas e pouco ou quase nada endividadas.