Internacionalização começa pela Argentina
Valor EconômicoDepois de 23 anos de atuação no mercado brasileiro, a Aurum Software, de desenvolvimento de sistemas de gestão para advogados, resolveu encarar a internacionalização. O destino é a América Latina, a começar pela Argentina, onde há mais de 250 mil advogados, segundo a empresa, que planeja faturar R$ 10 milhões este ano, ante os R$ 8 milhões obtidos em 2015.
"Nos últimos dez anos, registramos um crescimento médio de 25%, ao ano", dizem o CEO Antonio Gerassi Neto e a diretora de produtos Sônia Tuyama. A dupla, que também forma um casal fora do expediente, estudou tecnologia da computação no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, comanda 66 funcionários.
O plano de Gerassi é iniciar o processo de internacionalização pela Argentina, por conta da proximidade do país. Além disso, a empresa conseguiu um parceiro para ser o representante da marca no mercado portenho. "A operação na América Latina vai trazer conhecimento sobre mercados internacionais para, mais adiante, nos ajudar a entrar nos Estados Unidos".
O cartão de visita é o Astrea, um software para escritórios de advocacia de pequeno e médio porte que roda na nuvem sob o modelo SaaS (software como serviço, da sigla em inglês). "Isso permite que o programa esteja disponível para qualquer usuário, em qualquer lugar do mundo", diz Tuyama. Com ele, advogados controlam o atendimento a clientes e gerenciam processos. Custa R$ 67, valor da mensalidade para um usuário.
Para deslanchar a operação na Argentina, a empresa desenvolveu um site em espanhol e fez adaptações no sistema para atender o mercado local. Tecnologias que usam robôs também foram criadas para "vasculhar" os tribunais argentinos. Com a ferramenta, os advogados recebem alertas automáticos quando há movimentação nos processos. Seis bancas do país estão testando o software.
Tuyama diz que já encontrou vantagens em vender para outros países na América Latina. "É um grande mercado, fala apenas uma língua e a concorrência é fraca. Estamos aptos para oferecer o sistema em qualquer país de língua espanhola e portuguesa". Já há demandas de advogados de Portugal.
Segundo os empresários, a expectativa é que os negócios no exterior representem 1% da receita em 2017, avancem para 4% no ano seguinte e 8% do total, em 2020. Depois da Argentina, o foco será o México, a Colômbia e Espanha, a partir de 2018.
Para bancar a internacionalização, a empresa investiu cerca de R$ 100 mil em tradução, implementação da tecnologia de robôs, tutorial para usuários e desenvolvimento do site em língua espanhola. Ações de marketing e o treinamento do parceiro internacional também entraram nessa conta.
"Tivemos que descobrir quase tudo sozinhos. Saber como se recolhe imposto fora do Brasil, como cobrar o cliente e receber em outra moeda", afirma. "Foi cerca de um ano dedicado a esse aprendizado".
Apesar da conjuntura difícil no Brasil, a crise trouxe oportunidades para a Aurum. Gerassi diz que conseguiu contratar profissionais qualificados que deixaram grandes empresas por conta de cortes funcionais. A equipe de Florianópolis vai passar de 33 para cerca de 70 colaboradores.