Interior é o paraíso das cidades empreendedoras
O ValeEntre as 15 cidades mais empreendedoras do país, segundo estudo divulgado pelo Instituto Empreender Endeavor por meio do jornal Valor Econômico, seis não são capitais e, entre as 10 primeiras colocadas, três são do Interior. De acordo com a publicação, o movimento rumo ao Interior Paulista e de vários estados cresce a cada dia e, de acordo com os estudiosos, tende a ganhar mais força nos próximos anos. As razões da preferência pelo Interior incluem a busca por melhor qualidade de vida, menores custos de produção e de mão de obra e os incentivos fiscais oferecidos por muitos municípios. O peso maior, porém, está na multiplicação cada vez mais forte de ambientes propícios à abertura de novos negócios, chamados de ecossistemas empreendedores. O Índice de Cidades Empreendedoras 2015 destaca cidades de porte médio basicamente das regiões Sul e Sudeste, entre elas, Campinas, São José dos Campos, Maringá, Ribeirão Preto, Sorocaba, Caxias do Sul, Uberlândia e Blumenau, além de Joinville e Londrina. Mas, estas não são as únicas no país a revelar ecossistemas inovadores de peso. São Carlos é também uma referência em capital humano e inovação, entre outras, lembrou o presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Francilene Garcia.
Polos regionais
A reportagem do Valor Econômico enfatiza que do Interior Paulista sai um quarto de toda a produção científica nacional, produzida na Unesp, Unicamp, USP, ITA e UFscar. “O Interior de São Paulo está pelo menos cinco degraus acima de qualquer outro ambiente empreendedor”, afirma Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures. “Há muitas cidades, além dos clássicos centros de inovação como Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e São José dos Campos, que começam a despontar”. Entre elas, Jardim menciona Jaboticabal, na área de veterinária, apoiada pelo campus da Unesp; Botucatu, também a partir da Unesp, nas áreas de genética e biotecnologia; e Piracicaba, no segmento de agronegócio, entre outras.
Polos regionais (2)
“As demais regiões do país, apesar de terem evoluído muito na busca do desenvolvimento de ambientes de incentivo ao empreendedorismo, ainda não têm o mesmo alinhamento do Interior Paulista”, comentou na mesma matéria Ivan Hussni, diretor técnico do Sebrae-SP. “Temos uma boa variedade de polos de inovação e tecnologia no Estado onde a parceria público-privada tem sido alinhavada há vários anos”.
Polos regionais (3)
A pesquisadora Débora Colombi é citada como exemplo de empreendedorismo típico do Interior Paulista. Foi a Botucatu em 2006 para acompanhar o marido, professor da Unesp. Com apoio da Fapesp, desenvolveu um processo de identificação de levedura por microssatélite. Hoje, ela tem 35 usinas na carteira de clientes. É este perfil de empresas, com alto grau de inovação, que se multiplica pelo Interior do Estado, afirma Sergio Risola, diretor do Cietec. “Muitas cidades têm trabalhado para fazer o seu entorno uma referência em áreas bem específicas, onde são competentes. Vejo nascer em São José dos Campos, por exemplo, um modelo de cidade inteligência muito parecido com o Porto Digital, em Recife”. São José dos Campos, aliás, ocupa a sexta posição no Índice de Cidades Empreendedoras 2015 da Endeavor. Além de sediar o Ita, a cidade tem, proporcionalmente, o maior número de funcionários na área de C&T, bem como o maior número de contratos de uso de propriedade intelectual de terceiros – 7,8 para cada mil empresas, sendo que a média do país é seis vezes menor (1,2).
Repercussão
A divulgação da pesquisa repercutiu positivamente em todo o Interior Paulista. O sucesso de um negócio não depende apenas das habilidades do empreendedor, mas também das condições que ele encontra para empreender em seu município. E Sorocaba apresenta um cenário mais favorável do que capitais como Natal, Salvador e Cuiabá. A conclusão é do jornal Cruzeiro do Sul, da Rede APJ – Associação Paulista de Jornais, com base na pesquisa do Instituto Empreender Endeavor, que colocou Sorocaba como a 15ª melhor cidade para empreender no Brasil. Foram analisadas 32 cidades, por meio de 56 indicadores, divididos em sete pilares: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. As principais fontes de dados utilizadas foram bases públicas como o Produto Interno Bruto municipal, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o gerente do escritório regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Alexander Terra, a colocação da cidade deve ser comemorada. “É uma posição de destaque”.
Pujança no Interior
Não é de hoje que Sorocaba desponta como um dos principais polos econômicos do Interior. A cidade teve o 20º maior Produto Interno Bruto do País (PIB) em 2013, um avanço de 10 posições em relação ao ano anterior, com uma riqueza gerada de R$ 26,9 bilhões. Em 2012, a cidade tinha a 30ª maior economia, com R$ 19 bilhões de PIB. De um ano para outro, o PIB sorocabano cresceu 41,7%. Em riqueza gerada pelo setor industrial, Sorocaba ocupa a 19ª posição no País, com R$ 7,7 bilhões em produto. A chegada de empresas como a Toyota e o crescimento do setor de comércio e serviços, com os shopping centers, são alguns dos fatores responsáveis pelo avanço da economia local. As riquezas geradas por Sorocaba superam capitais como Belém (PA), São Luís (MA), Campo Grande (MS) e Natal (RN). No sudeste, o PIB de Sorocaba é o 12º maior. Com o avanço 30º para 20º, a cidade ultrapassou Ribeirão Preto (28º) dentro do Estado, mas permanece atrás ainda de outros polos regionais importantes como São José dos Campos (19º lugar no PIB nacional), Jundiaí (18º), Baruerí (16º), São Bernardo do Campo (14º), Guarulhos (13º), Campinas (11º), Osasco (9º) e a capital São Paulo (1º).