30/01/10 10h21

Intenção de demissões na indústria é a menor desde 1986

Folha de S. Paulo

O número de empresários da indústria que pretendem demitir trabalhadores nos próximos três meses atingiu o menor nível desde 1986, segundo pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgada ontem. O percentual chegou a 5,7% em janeiro, ante 8% em dezembro. "Em duas décadas, é o menor número de empresas que vão demitir no setor", afirma Aloisio Campelo, coordenador de sondagens conjunturais da FGV. Em janeiro do ano passado, o indicador de cortes chegou a 29,7% -o maior percentual de 2009.

Até março, 26,5% das empresas querem ampliar o quadro de funcionários, enquanto 67,80% devem mantê-lo estável. Em linha com a intenção de demitir poucos trabalhadores está a perspectiva dos empresários em relação ao futuro dos negócios. O levantamento, feito com 1.141 empresas, aponta que 66,6% acreditam que haverá melhora de desempenho nos próximos seis meses, ante 4,4% que preveem piora. Com isso, o Índice de Situação Futura dos Negócios ficou em 162,2, um recorde.

Segundo Campelo, os números mostram que a expectativa para este ano é de retomada de investimentos. "A perspectiva é de evolução por causa da combinação de uma série de fatores, como juros, câmbio e demanda interna, muito favorável." A única incerteza para a indústria em 2010, segundo ele, é o mercado externo. "O aquecimento das exportações vai depender da velocidade de recuperação da economia mundial."

O Índice de Confiança da Indústria, que mostra o grau de otimismo do empresariado, também registrou recorde neste mês, 113,6 pontos, com leve crescimento de 0,2% ante o mês passado. Trata-se do maior nível desde julho de 2008 (113,7 pontos) e da 12ª alta consecutiva. Já o indicador que mede o uso da capacidade instalada poderá alcançar, neste ano, 86,7%, voltando ao patamar de junho de 2008. Em janeiro, foi de 83,8%.