Inteligência artificial do outro lado da caixa
Computação cognitiva, dispositivos vestíveis e internet das coisas ganham espaço no segmento financeiro, que apenas no ano passado investiu R$21,5 bilhões em tecnologia
Brasil EcomônicoCom um aporte de R$21,5 bilhões em 2014, o setor financeiro continua liderar os investimentos em tecnologia no mercado brasileiro. Sob esse contexto, o segmento segue também como uma das pontas de lança de inovações no país. Principal evento de tecnologia bancária no Brasil, o Ciab – que acontece nesta semana em São Paulo – é um exemplo desse cenário, com novidades em campos como computação cognitiva, internet das coisas, transações multicanal e convergência de dispositivos, incluindo a ainda recente categoria dos vestíveis.
Carro-chefe da divisão de computação cognitiva da IBM, o supercomputador Watson é uma das estrelas do evento. “Como é capaz de entender a linguagem natural, interagir com as pessoas e extrair insights de grandes volumes de dados, o Watson é um ótimo candidato para a interação direta dos bancos com os clientes ou mesmo com os funcionários dessas instituições”, diz Fabio Scopeta Rodrigues, líder de Watson da IBM no Brasil.
O supercomputador tem um primeiro piloto sendo tocado em parceria com o Bradesco. A primeira etapa do projeto envolveu o foco no aprendizado do português pelo Watson, bem como o mapeamento das áreas em que a solução traria maior valor para o banco. “A área de call center será a primeira a utilizar. O Watson não substitui o operador, que será sempre essencial, mas ele amplia substancialmente a sua capacidade de atendimento e o conhecimento do cliente”, afirma.
Sob o conceito de banco digital, outro destaque da IBM são alguns aplicativos desenvolvidos em parceira com a Apple. “Uma das aplicações permite que um gerente visite um cliente e, munido de um iPad e de todo o histórico de relacionamento, faça simulações de investimentos, tire fotos de documentos e efetive transações, entre outros recursos”, diz Leandro Tassi, líder de soluções financeiras da IBM no Brasil.
A experiência do cliente é também um dos pilares da americana Diebold. A companhia desenvolveu um ATM que além de realizar todos os tipos de transações e fornecer trocos em dinheiro e moedas, oferece a possibilidade de o cliente sanar dúvidas – tecnológicas ou de negócios – diretamente com um atendente via vídeo. “Estamos mostrando em primeira mão na feira e já temos um banco interessado”, diz Elias Rogério da Silva, presidente da Diebold no Brasil.
A empresa também conta com uma plataforma de software - desenvolvida 100% no Brasil - que permite ao cliente realizar uma transação integrando múltiplos canais, incluindo PCs, celulares e ATMs. Era um exemplo, um pai pode pré-aprovar um saque em um computador e enviar um QR Code ao seu filho, que, por sua vez, segue até uma agência mais próxima e consegue retirar o valor estipulado, sem necessariamente ser um correntista daquela determinada instituição.
A OKI Brasil - fruto da compra da Itautcc pela japonesa OKI, em 2013 - também está investindo em transações multinacionais. Em parceria com a Sony Mobile, uma das novidades da companhia é a possibilidade de o cliente iniciar uma transação em um PC ou qualquer outro dispositivo, e concluir a operação em um ATM, usando um relógio inteligente e com validação biométrica. "Não se trata apenas de uma questão de comodidade de mobilidade, mas também de segurança para o cliente", diz Antonio Bernadino, diretor de vendas da OKI.
Em outra solução da empresa, o usuário consegue fazer depósitos em cheque a partir de qualquer lugar. Um software instalado em um smartphone tira foto e valida o documento, permitindo sua compensação direta na conta do cliente.
As novidades da feira não estão restritas aos fornecedores de maior porte. Criada há dois anos, em Porto Alegre, a Tagpoint está presente pela primeira vez no Clab para apresentar uma solução que permite a interação das empresas com consumidores, a partir de fatores como localização e interesses, e por meio de sensores. Também conhecida no mercado como beacons, a tendência é uma das frentes que começa a ganhar força dentro do conceito de internet das cosas. "Um banco, por exemplo, consegue identificar um cliente premium que acaba de entrar na agência ou mesmo um correntista que está com uma dívida com a instituição e oferecer, em tempo real, algum produto ou linha de crédito, diretamente no smartphone da pessoa", diz Vitor Loreto, diretor da Tagpoint.
Segundo Loreto, um dos ganchos da solução é o fato de não restringir a interação apenas aos clientes. A Tagpoint oferece aos bancos uma base de usuários de aplicativos desenvolvidos para diversos segmentos., com a mesma finalidade. Com a autorização desses usuários, a instituição consegue identificar quando alguns desses clientes em potencial passa, por exemplo, próximo de uma agência e pode oferecer um produto de ou serviço de acordo com o perfil em questão. Em fase de pré-lançamento, a Tagpoint já tem seus sensores instalados hoje em mais de 200 pontos de venda e 3,5 mil pontos turísticos em todo o país.