03/10/12 12h36

Intel Capital investe em dez novatas; uma no Brasil

Valor Econômico

A Intel Capital, braço de investimentos do grupo Intel, anunciou ontem investimento de US$ 40 milhões em dez companhias novatas no mundo, sendo quatro nos Estados Unidos, duas na China, uma no Brasil, na Índia, na Coreia do Sul e em Taiwan. As companhias que receberam os recursos são Box, Hungama, Jelli, Lifo Interactive, NeuAer, Tier 3, Transmension, UUCun, Focal Tech e a brasileira PagPop.

No mundo, a Intel Capital investiu este ano US$ 250 milhões em participações em 45 empresas novatas, quatro delas no Brasil. A companhia tem em seu portfólio 400 empresas iniciantes, disse Arvind Sodhani, presidente da Intel Capital e vice-presidente executivo da Intel. A meta para o ano é chegar a US$ 500 milhões em aportes.

"Decidi manter o mesmo nível de investimentos, apesar do cenário econômico global instável, porque inovação é a chave para a redução de custos, e a melhora da economia e a inovação precisam de investimentos contínuos", disse Sodhani. De acordo com o executivo, 23 aportes do total deste ano (ou 58%) foram realizados fora dos Estados Unidos, sobretudo em países emergentes, o que confirma a estratégia anunciada pela Intel Capital de reforçar sua atuação nessas regiões.

"O Brasil é o terceiro mercado mundial em computadores para a Intel e tem uma importância muito grande para nós", disse Dave Thomas, diretor da Intel Capital para América Latina. De acordo com o executivo, há muitas oportunidades de novos negócios no país.

Em meio às oportunidades, a Intel Capital decidiu investir na PagPop, empresa de pagamento com sede em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A companhia recebeu aporte na categoria serie A, que vai de US$ 2 milhões a US$ 10 milhões.

A PagPop desenvolveu um sistema de pagamentos que permite a profissionais liberais receber com cartões de crédito usando o celular. A empresa desenvolveu um pequeno leitor de cartões que pode ser acoplado em smartphones. Para pessoas que possuem aparelhos celulares comuns, é possível entrar em contato com uma central de atendimento, digitar os dados do cartão e efetuar a transação.

A companhia iniciou o ano com 4 mil usuários e já conta com 20 mil. Márcio Campos, executivo-chefe da PagPop, disse que a meta é atingir de 400 mil a 500 mil usuários em três anos. Há poucos meses, fechou um acordo com a empresa Inspiração Cosméticos, que trabalha com a venda direta de produtos de beleza e tem 100 mil revendedoras cadastradas. "A empresa cresce de uma maneira acelerada e precisava de um novo sócio para reforçar a estrutura e garantir a continuidade desse crescimento", disse Campos ao Valor.

A PagPop já havia recebido este ano um aporte da brasileira Cetus Investimento. A expectativa da companhia é fechar mais um acordo de investimento até o fim do ano. "O serviço financeiro envolve muito dinheiro, exige muita credibilidade, exposição e segurança. O apoio de uma marca forte pesa no negócio", disse Campos. A companhia ganhou um prêmio do Sillicon Valley Bank e fez uma apresentação de sua operação a investidores do Vale do Silício, na Califórnia. A partir de então, começou a negociar com a Intel Capital.

A PagPop atua como uma facilitadora para profissionais liberais. Sua receita é obtida com a cobrança de mensalidade (R$ 19,90) mais taxas e spread (diferença entre o custo da transação e o valor pago pelo cliente). Como diferencial, a companhia oferece para profissionais liberais e pequenas empresas a antecipação de recebíveis para vendas a prazo. Se o cliente vai pagar, por exemplo, R$ 1 mil dividido em dez parcelas, a empresa antecipa esse pagamento ao vendedor com um desconto equivalente a trazer a valor presente o preço das parcelas no futuro. "Essa operação eleva o nosso valor de mercado, mas também exige mais capital para operar", disse Campos.

Com sede em Ribeirão Preto e um centro de tecnologia no Rio de Janeiro, a PagPop tem 30 funcionários. A companhia agora estuda a implantação de um escritório comercial em São Paulo e, futuramente, expandir a operação para outros países da América Latina.

O investimento agora anunciado é o quarto que a Intel Capital faz no país este ano. O grupo já havia investido na Minha Vida, Pixeon e Elike. A Intel Capital atua no país desde 1999. Desde então, investiu mais de US$ 75 milhões em 26 empresas.

Em duas décadas, a Intel Capital destinou US$ 10,7 bilhões em investimentos para 1.257 companhias. Do total, 201 abriram capital em bolsas de valores e 308 foram adquiridas ou participaram de fusões. Sodhani disse que a empresa manteve neste ano o interesse em investir em mercados nos quais ainda não atuava, sobretudo em economias emergentes. A companhia abriu escritórios na Espanha e em Gana, realizou dois investimentos na França e também fez aportes em Singapura, em Taiwan e na Suécia.

Paul Otellini, presidente da Intel, afirmou que o grupo pretende manter os esforços para incrementar os investimentos em países emergentes, apesar de o custo da operação nos Estados Unidos estar mais baixo que em países como China e Índia. "A China é o maior mercado de computadores do mundo para a Intel. Ter uma operação no país reforça a marca e permite aumentar a participação nesse mercado", afirmou. Segundo Otellini, a Intel deverá reforçar seus aportes no mercado americano, pois a taxa de juros, os custos trabalhistas e a inflação estão mais baixos que em economias emergentes.