Institutos de pesquisa desenvolvem projetos para inserção das mulheres na CT&I
Portal CNIDados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) revelam que o número de bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e estímulo à inovação concedidas às mulheres mais que dobrou em 15 anos. Apenas em 2015 foram 50.438, o que representa metade das bolsas concedidas pelo CNPq naquele ano. No entanto, nas Ciências Exatas e da Terra, nas Engenharias e na Computação, a participação feminina ainda não supera 30% das bolsas.
Para mudar esse cenário, institutos de pesquisa vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) tem desenvolvido projetos que visam à inserção das mulheres nas carreiras científicas e tecnológicas. Um exemplo é o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), que nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, lançará o projeto Meninas na Ciência, que terá a participação de 30 estudantes.
Em julho, elas vão receber uma bolsa de estudo para passar as férias vivenciando o cotidiano de pesquisadores no Ibict, em Brasília e no Rio de Janeiro, e no CTI Renato Archer, outro instituto vinculado ao MCTIC em Campinas (SP). Iniciativas semelhantes, executadas na França e nos Estados Unidos, conseguiram inserir 80% das participantes nas carreiras científicas.
Outro projeto é do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), chamado de Meninas no Museu. A iniciativa seleciona desde julho de 2016 um grupo de sete alunas do ensino médio para criar ações de divulgação científica. Cinco delas já possuem bolsas de iniciação científica.
Os encontros acontecem a cada duas semanas, sempre às sextas-feiras, na sede do Mast, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. As jovens, que têm entre 15 e 17 anos, também participam das atividades regulares de divulgação, realizadas principalmente nos fins de semana. As ações de divulgação serão apresentadas no Dia das Meninas, comemorado nesta sexta-feira (10), e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2017, prevista para outubro.
"A gente tem feito um trabalho justamente para desmistificar um pouco a ideia de que as mulheres não são boas nas áreas exatas, não entendem de cálculo, nem de raciocínio lógico. Então, é um incentivo para que as meninas conheçam a astronomia e outras ciências como física, matemática, biologia e química", explica a pesquisadora Ana Paula Germano, uma das coordenadoras do projeto.
Já o projeto Futuras Cientistas, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), beneficiou 30 alunas de escolas públicas de Recife (PE) com a participação em projetos de pesquisa desenvolvidos nos laboratórios, por exemplo, de nanotecnologia, microscopia eletrônica e biocombustível. A cada edição, 10 jovens do 2º ano do ensino médio são selecionadas para passar as férias de janeiro nos laboratórios do Cetene.
Nessa iniciativa cada aluna tem um pesquisador responsável com um plano de trabalho. Além das aulas teóricas, elas são responsáveis pelo desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Para isso, recebem uma bolsa, que é custeada pelo Consulado Americano em Recife, parceiro do Cetene na iniciativa.