22/11/11 17h26

Inovação é fundamental para as PMEs crescerem

Valor Econômico

Responsáveis por cerca de 20% do PIB, por 60% da mão de obra empregada e representando 90% das empresas instaladas no país, as pequenas e médias empresas têm um papel fundamental no Brasil e sua competitividade é estratégica.

Luiz Barreto, presidente do Sebrae Nacional, avalia que os indicadores vêm melhorando nos últimos anos. "Isso pode ser visto pelo aumento nas taxas de sobrevivência das empresas nos dois primeiros anos de existência", diz. "Há uma década, apenas metade das empresas sobrevivia a esse que é o período mais crítico para a empresa. Hoje, 73 a cada 100 empresas ultrapassam os dois primeiros anos de atividade no país."

Barreto sabe, no entanto, que é preciso avançar mais e para isso é preciso estimular a inovação no âmbito das PMEs. Somente em 2011, o Sebrae já atendeu mais de 30 mil pequenas empresas com projetos de inovação, inclusive com os chamados Agentes Locais de Inovação, consultores que procuram ativamente as empresas para oferecer soluções. Além disso, por meio de programas como o Sebraetec, o serviço de apoio à pequena empresa subsidia em até 90% o custo de pequenos empreendedores com projetos de inovação.

O esforço ainda esbarra em uma resistência cultural dos próprios empresários, conta Barreto. "Muitas das pequenas empresas ainda veem a inovação como algo distante da sua realidade, o que não é verdade", diz o presidente do Sebrae. "Inovar é uma necessidade, em especial para os pequenos negócios que já estão há mais tempo no mercado, que precisam se renovar. Ainda existe uma barreira cultural de se achar que basta a experiência para se tocar o negócio", lamenta.

A inovação - defende Barreto - será fundamental para que as PMEs brasileiras aproveitem ao máximo o bom momento da economia.

Para Marco Tulio Zanini, coordenador do Mestrado Executivo da Ebape/FGV, no entanto, isso não é tão simples. Na opinião do economista, o ambiente institucional no Brasil não estimula a inovação. "Além disso, na maioria das pequenas empresas o nível profissional e a qualidade da gestão ainda são baixos", diz. Por esses motivos, acredita, as PMEs no Brasil não chegam a ter o mesmo peso na economia que possuem em países como o Japão e os Estados Unidos. "Temos de reconhecer o esforço do Sebrae, mas ele ainda é insuficiente para criar escala e mudar essa situação."

Zanini acredita que alguns entraves provocados pelo famigerado Custo Brasil têm um peso ainda maior para as PMEs. "A contratação de obra, por exemplo, é um ônus enorme para os pequenos empresários", diz. Por outro lado, também vê a necessidade de mudar a mentalidade dos pequenos empreendedores brasileiros. "A maioria reclama do governo, mas não sabe enxergar sua própria capacidade de buscar vantagens competitivas, investindo pouco em agregar valor a seus produtos."