21/02/25 14h05

Indústria verde pode adicionar R$ 1 tri ao PIB até 2030 – se tiver energia barata

Descarbonização industrial depende de uma série de fatores relacionados à matriz elétrica, como competitividade e renovabilidade

Eixos

Mapeamento da PwC Strategy& encomendado pela Abrace (associação grandes consumidores industriais de energia) aponta que o Brasil tem cerca de 30 rotas industriais que podem adicionar aproximadamente R$ 1 trilhão ao PIB até 2030, além de criar mais de três milhões de empregos.

Essas oportunidades, no entanto, dependem de uma série de fatores relacionados à matriz elétrica nacional, como competitividade e renovabilidade.

“O Brasil não é apenas o país do biocombustível, da energia renovável, mas também é o país da indústria de baixo carbono”, disse Bruna Dias, senior manager da Strategy&, durante o lançamento do estudo nesta quinta (20/2).

Entre os exemplos de potenciais mercados estão eletrificação veicular e industrial; aço, alumínio, cimento e fertilizantes de baixo carbono; além de bioquímicos e biocombustíveis avançados, como o SAF para aviação. 

A maior parte desse potencial está, aliás, nos produtos de baixo carbono, que respondem juntos por R$ 300 bilhões. Seguida pelos biocombustíveis, com US$ 250 bilhões.

“Muitas coisas já estão sendo feitas. Várias leis aprovadas, outras em andamento, e a gente considerou isso. Mas agora a gente precisa de uma coordenação, um olhar, de fato, para a demanda de energia. E conseguir viabilizar essa nova indústria”, comentou Dias. 

A análise parte do princípio de que, hoje, a maior parte dos projetos e políticas no Brasil tem foco na oferta, e há oportunidades ao explorar o lado da demanda, convertendo a capacidade renovável do país em exportação de produtos com baixa intensidade de carbono e alto valor agregado.

É, acima de tudo, uma forma de aproveitar a janela que se abre com o isolamento dos Estados Unidos sob a era Trump, a exemplo de outros mercados emergentes como Oriente Médio, México, Índia e Vietnã.

“O Brasil se destaca por sua matriz limpa e pode usar vantagem energética para exportar produtos industriais de baixo carbono. Além disso, em setores com alto volume de exportação, o país possui intensidade de CO2 mais competitiva. No entanto, o custo unitário da energia no Brasil cresceu acima da inflação e o impacto dolarizado é ainda maior”, explica o estudo.

“Precisamos de medidas que reduzam drasticamente os encargos que tiram competitividade energética da indústria. Nosso custo energético, sobretudo elétrico, deve ser uma fonte de competitividade de novas rotas industriais”, completa.