04/04/08 11h34

Indústria vende mais com menor uso da capacidade instalada

Valor Econômico - 04/04/2008

A redução do uso da capacidade instalada da indústria, verificada em fevereiro, veio acompanhada de atividade mais intensa no setor e esse cenário eletrizou o debate sobre a necessidade de o Banco Central (BC) aumentar a taxa básica de juros na reunião da próxima semana. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que, em fevereiro, o uso da capacidade recuou de 83,1%, em janeiro, para 82,9% em fevereiro. O pico foi registrado em novembro (83,3%). Além da folga maior na capacidade instalada, o que indica maior espaço para o atendimento da demanda, fevereiro teve crescimentos expressivos nos outros quatro indicadores industriais medidos pela CNI: faturamento (11,5%), horas trabalhadas (8,8%), emprego (4,9%) e massa salarial (7,2%), na comparação com fevereiro de 2007. Segundo os economistas da entidade, Flávio Castelo Branco e Paulo Mol, esse ritmo mais forte do setor é explicado pelos aumentos do emprego, da renda, do crédito e da recomposição dos estoques que vem ocorrendo em pequenas, médias e grandes indústrias. O uso da capacidade instalada (UCI) da indústria recuou em fevereiro porque, segundo os economistas da CNI, o investimento vem crescendo há oito trimestres consecutivos em ritmo mais acelerado que o do Produto Interno Bruto (PIB). Outra comparação de aumento de oferta foi feita, ontem, pelo Departamento Econômico do Bradesco. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (que soma produção menos exportação mais importação), revelou alta de 20,2% - o triplo dos 6,9% acumulados pela produção industrial medida pelo IBGE para o mesmo período. A comparação entre produção e nível de utilização da capacidade também mostra um descolamento. Em fevereiro, a produção da indústria foi 6,5% superior àquela registrada no fim de 2006. Para atender esse volume, o uso de capacidade cresceu bem menos - 2 pontos. O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, evitou julgar a condução da política monetária, mas comentou que as informações da CNI revelam uma boa relação entre aumento da atividade e estabilização do uso da capacidade instalada da indústria. Ele concluiu que não causa preocupação o que acontece atualmente entre oferta e demanda.