11/11/09 11h51

Indústria retoma plano de investimentos

Folha de S. Paulo

Depois de colocar o pé no freio por conta da crise, a indústria mostra agora disposição para voltar a investir. Levantamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) realizado a pedido da Folha mostra que as consultas de financiamento ao banco, termômetro da intenção de realizar investimentos, dispararam nos últimos meses. Entre julho e setembro, foram recebidas 18.171 consultas, alta de 58% em relação ao trimestre anterior. Entre os setores que mais consultaram o BNDES, estão os segmentos têxtil, de alimentos e bebidas e a indústria mecânica, que abrange bens de capital e autopeças, entre outros.

"Após paralisarem seus investimentos e desovarem estoques, as empresas foram surpreendidas a partir de meados do ano com o crescimento na demanda interna. O uso da capacidade instalada aumentou rapidamente, e agora os investimentos são retomados", disse Fernando Pimentel Puga, chefe do departamento de acompanhamento econômico e operações do BNDES. Segundo ele, a indústria está direcionando seus investimentos basicamente para a compra de máquinas e para a construção de novas plantas.

O uso da capacidade instalada na indústria de transformação atingiu em outubro 82,9%, o maior nível do ano. Quando esse índice fica entre 82% e 83%, a indústria se sente pressionada a ampliar seus investimentos, segundo a FGV. Bens de consumo duráveis -que incluem produtos como fogão, geladeira e veículos-, por exemplo, atingiram 90,1% do uso da capacidade. Material de construção, 89,1%. Já o Índice de Confiança da Indústria, que mede o grau de otimismo do empresariado, chegou a 112,2 em outubro, o maior nível desde setembro do ano passado. "O aumento no uso de capacidade e a confiança são os principais indutores do ciclo de investimentos. E ambos estão em alta", disse o economista da FGV Aloísio Campelo. Para o gerente-executivo de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Flávio Castelo Branco, apesar da retomada, o nível de investimento está longe de sua normalidade. O patamar pré-crise deve ser alcançado ao longo do ano que vem, de acordo com Puga.