12/09/09 10h31

Indústria queima estoques e ajuda a puxar alta do PIB

Folha de S. Paulo

Depois de um período de ajuste, em que a produção foi reduzida para a venda dos estoques acumulados, a indústria voltou a crescer e teve papel decisivo para a recuperação do PIB no segundo trimestre. A alta do setor no período, de 2,1% sobre o trimestre anterior, foi superior até mesmo à verificada nos serviços, que vinham funcionando como uma espécie de escudo em meio à crise. O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, avalia que a retomada foi acelerada pela política de desoneração fiscal do governo, que beneficiou a indústria de automóveis, de eletrodomésticos da linha branca e da construção civil. Sem os incentivos, avalia, os estoques formados ao longo do ano passado ainda estariam elevados, o que postergaria a retomada do setor.

O chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), Samuel de Abreu Pessoa, diz que, entre outubro de 2008 e março deste ano, a indústria consumiu estoques da ordem de R$ 43 bilhões (US$ 22,6 bilhões). De abril a junho, o caminho foi inverso: houve formação de estoques da ordem de R$ 3 bilhões (US$ 1,6 bilhão).

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, porém, a crise não deixa dúvidas sobre seus efeitos: o recuo da indústria foi de 7,9%, o terceiro consecutivo. A indústria de transformação e a construção civil foram as maiores prejudicadas. Já o setor de serviços, que responde por cerca de 60% do PIB do país, voltou a apresentar melhora, depois de ter sido o único a escapar dos dois trimestres consecutivos de queda que caracterizam recessão técnica. Em relação ao primeiro trimestre do ano, subiu 1,2%. Pelo lado do consumo, as famílias brasileiras tiveram novamente destaque -pela 23ª vez consecutiva, seu consumo cresceu em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.