11/04/10 11h11

Indústria prevê retomada das exportações

Folha de S. Paulo

As exportações brasileiras de produtos industrializados devem retomar, neste ano, a trajetória de nove anos de crescimento que a crise internacional de 2009 interrompeu, segundo as projeções da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Com uma elevação de aproximadamente 21%, as vendas de bens manufaturados para outros países alcançariam US$ 106,3 bilhões -o segundo melhor resultado da história, abaixo apenas do de 2008, quando o volume chegou a US$ 119,8 bilhões.

"Dessa maneira, recuperamos metade das perdas causadas pelas turbulências do ano passado, o que é muito bom", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade. "E o PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro será afetado positivamente pela alta."

A previsão da Fiesp é apoiada em uma pesquisa com as maiores empresas exportadoras do país cuja base de operações fica no Estado de São Paulo. Como os contratos de vendas são fechados com antecedência de alguns meses, tais companhias já têm uma ideia bastante razoável de quanto efetivamente vão negociar ao longo de 2010.

O crescimento esperado explica-se, essencialmente, pela recuperação de mercados consumidores que se retraíram fortemente com a crise, como os EUA. Do início de 2009 para o de 2010, a participação dos americanos nas exportações do Brasil caiu de 16,5% do total para 13,8%. Essa fatia tende a se recompor. Ao mesmo tempo, outras regiões vão ganhando importância, como a Europa, que viu sua parcela subir de 21,8% para 23%, e a América Latina, que aumentou sua fração de 28% para 30,8%.

A retomada das exportações também tende a se dar de maneira espalhada entre os segmentos da indústria. As montadoras já comemoram uma elevação de 66,6% nas vendas de carros para outros países em fevereiro último ante o mesmo mês do ano passado -o destaque, entre os destinos, ficou com a Argentina. Nota-se, ainda, alta no comércio de máquinas, artigos de informática e produtos farmacêuticos. Os aviões, os produtos químicos e os calçados são os únicos que continuam deprimidos.