22/08/12 12h08

Indústria pretende ser a sexta maior do mundo em 2015

Valor Econômico

A indústria farmacêutica brasileira é a oitava maior do mundo, mas deve chegar ao sexto lugar em três anos se mantiver a taxa de crescimento. Só este ano são esperados 12%. O volume de vendas no varejo chegou a R$ 38 bilhões em 2011, sem contar as compras governamentais que representaram mais R$ 11 bilhões.
 
A previsão do IMS Health, empresa que audita o mercado farmacêutico mundial, é de que até 2017 as vendas atinjam R$ 87 bilhões, com cerca de 135 bilhões de unidades de doses, impulsionadas pelo crescimento do segmento de genéricos, pelas políticas de redistribuição de renda e por programas sociais como a Farmácia Popular. Só a queda de patentes de medicamentos nos próximos quatro anos deve provocar um impacto de mais R$ 1 bilhão nas vendas.
 
O mercado, que há uma década era dominado pelas multinacionais, hoje está dividido meio a meio. Seis dos dez maiores laboratórios do país ainda são estrangeiros, mas a novidade é que a lista de nacionais, que antes tinha apenas o Aché, conta agora também com EMS, Eurofarma e Hypermarcas.
 
O setor passou por um processo de concentração. Em 2006 havia 511 laboratórios no país. Hoje são 450. Eles empregam diretamente 75 mil pessoas e indiretamente outras 500 mil em farmácias, fornecedores e hospitais. Os 50 maiores laboratórios representam mais de 80% do setor. O maior dos nacionais não chega nem perto do maior dos multinacionais em faturamento: R$ 1,9 bilhão, para o Aché, contra US$ 50 bilhões, da Pfizer.
 
O fortalecimento da indústria nacional, que cresce o dobro do mercado farmacêutico, é consequência da implantação do programa de genéricos, há doze anos, do apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e das compras do Ministério da Saúde.
 
O Profarma do BNDES já investiu R$ 1,9 bilhão em 111 projetos com uma contrapartida de outros R$ 2 bilhões das empresas. Na primeira fase, entre 2004 e 2007, a maior parte dos investimentos foi em modernização das plantas de produção. A segunda fase, que expira em dezembro deste ano, foi a de inovação tecnológica. O banco agora desenvolve a terceira fase, que deve priorizar a biotecnologia.
 
Os laboratórios nacionais estão prontos para um novo salto em inovação incremental e hoje há uma dependência do país à importação de produtos biotecnológicos, diz João Paulo Pieroni, gerente do Departamento de Produtos Intermediários, Químicos e Farmacêuticos (Defarma) do BNDES. O déficit comercial do país no setor de fármacos chega a US$ 5 bilhões, segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma).
 
Enquanto avança na fronteira do desenvolvimento tecnológico, a indústria farmacêutica brasileira esbarra na pesada carga tributária e na falta de acesso de toda a população aos serviços de saúde. Os impostos representam 33% do valor dos medicamentos, de acordo com o Sindusfarma. A média mundial é de 6,8%. Não há nada parecido no mundo, afirma Nelson Mussolini, vice-presidente executivo do Sindusfarma. A entidade tem 140 associados e representa 75% do setor.
 
De cada três caixas de medicamentos que compra, o consumidor paga uma em impostos, afirma Geraldo Monteiro, diretor executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan). Além de aumentar os recursos para a saúde é necessário reduzir a carga tributária dos medicamentos, afirma.