05/10/09 10h16

Indústria prepara um 4º trimestre forte

Valor Econômico

Depois de um terceiro trimestre forte, diferentes setores industriais planejam encerrar o quarto trimestre de 2009 com aumento real de vendas e produção em relação ao final do ano passado - auge do impacto negativo da crise econômica mundial sobre a economia brasileira. Têxtil, calçados, eletroeletrônicos e fabricantes de materiais de construção já refizeram projeções para o ano, tornando-as mais otimistas.

Os indicadores industriais ficaram mais fortes no terceiro trimestre - até agosto, metade da queda pós-crise já havia sido revertida, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta. O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria apresenta movimento crescente desde o fim do segundo trimestre, ainda que os dados de setembro para fábricas de bens de consumo e bens de capital tenham registrado leve recuo frente a agosto. O Nuci serve de parâmetro para a indústria - quando ele se aproxima de 100%, indica a necessidade de aumentar investimentos em produção e pessoal. Depois de cair 9,1 pontos entre junho de 2008 (86,7%) e fevereiro deste ano (77,6%), o Nuci elevou-se em 4,3% pontos, alcançando 81,9% no mês passado.

Para Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a expectativa do setor é de um crescimento de 5% neste quarto trimestre sobre os três meses anteriores. "Essa elevação se refere a aumento da produção, não é apenas queima de estoque", afirma. A comercialização de computadores se acelerou fortemente nos últimos meses e, com as festas de fim de ano, é possível alcançar o recorde de 12 milhões de máquinas vendidas em 2008.

Impulsionado pelo programa habitacional do governo "Minha casa, Minha Vida" e pela redução do IPI, a empresa de material de construção Fabrimar prevê aumento de 12% nas encomendas para o último trimestre na comparação com o terceiro trimestre deste ano. "Lançamos diversos produtos nos últimos três meses, cujas encomendas atingirão o ápice no último trimestre", diz o diretor comercial da empresa, José Fernando Caleiro. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a previsão de alta nas encomendas corresponde a 8%. A expectativa de faturamento da empresa, igual ao do ano passado, foi revisada para cima. "Vamos fechar 2009 com um faturamento entre 2% e 5% superior ao do ano passado. Já o volume de peças vendidas, terá um aumento entre 7% e 10% comparado a 2008", afirma o diretor da Fabrimar.

Já a Granfino, que comercializa e processa alimentos, prevê fechar o último trimestre deste ano em alta de 3% em relação ao mesmo período de 2008. De acordo com a presidente da empresa, Sílvia Coelho Lantimant, a venda de alimentos no período tende a ser maior devido às férias escolares, às festas de Natal e ao 13º salário. "Existe uma retomada cautelosa, mas está havendo uma retomada sim", disse Silvia. A empresa projeta encerrar 2009 com expansão de 2%, taxa prevista desde o início deste ano.

Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), afirma que as vendas do setor caíram 21% de janeiro a agosto na comparação com igual período de 2008. Em agosto, porém, foram comercializadas 334 mil toneladas de aços planos (chapas), o maior volume do ano. "Há aceleração nesta fase final do ano. Devemos alcançar 800 mil toneladas nos próximos três meses", afirma Loureiro. O resultado supera as 652 mil toneladas do mesmo período do ano passado.