Indústria prepara campanha pró-suco

Valor Econômico

A expectativa de contar com cotações melhores no mercado internacional no ano que vem animou as grandes indústrias exportadoras de suco de laranja do país a tirar da gaveta um antigo plano: investir em marketing para promover o consumo mundial do produto, que diminuiu significativamente nesta década.

Segundo Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), um programa para isso será apresentado no início de 2010 à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Inicialmente, o projeto deverá contar com R$ 2 milhões (US$ 1,16 milhão), divididos em partes iguais entre a Apex e as sócias da entidade (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus Commodities).

Não será uma tarefa simples. As indústrias sabem que a queda do consumo global está diretamente relacionada a um sem número de lançamentos de bebidas à base de frutas nos últimos anos, a maior parte deles mais barata que o tradicional suco de laranja congelado e concentrado exportado pelo Brasil ou que o suco não concentrado que vem ganhando peso nos embarques do país desde 2003. Mas, com o apelo de ser o suco de laranja um produto saudável, as empresas acreditam em bons resultados.

Independentemente do desempenho do plano, a receita das exportações tende a se recuperar em 2010 em virtude de problemas na oferta de São Paulo e da Flórida - que abrigam os dois maiores parques citrícolas do planeta, com larga vantagem para o paulista. Problemas climáticos afetam os dois Estados e já oferecem maior sustentação aos preços internacionais.

Conforme Lohbauer, essa melhor remuneração das indústrias deverá começar a aparecer na cadeia produtiva de São Paulo - berço das grandes indústrias e responsável por mais de 80% das exportações brasileiras de suco - a partir do fim do primeiro trimestre de 2010, por causa do "hiato" entre os contratos de exportação firmados, a maioria com antecedência, e o preço em Nova York.

De janeiro a novembro de 2009, as exportações brasileiras de suco de laranja (concentrado ou não) somaram 1,131 milhão de toneladas, 3,5% menos que em igual intervalo do ano passado. Na mesma comparação, a receita dos embarques recuou 17,2%, para US$ 1,5 bilhão. Para 2010, segundo Lohbauer, a expectativa da CitrusBR é que as vendas ao exterior, que equivalem a mais de 80% da produção, cheguem a 1,25 milhão de toneladas e que a receita aumente.