22/02/10 10h56

Indústria multiplica por 20 ritmo de novidades

Valor Econômico

Poucas indústrias no país passaram por uma transformação tão profunda nos últimos dez anos quanto a de eletroeletrônicos. A antiga "linha marrom", de áudio e vídeo, deixou de existir, cada vez mais integrada ao universo de tecnologia e telecomunicações, que faz com que um único aparelho ofereça diferentes recursos. Ávido por novidades, o consumidor passou a ter acesso a diferentes linhas de crédito, que lhe permitiram obter com facilidade o aparelho dos sonhos - que já não precisa durar tanto, mas apresentar um design arrojado e reunir várias funções. As fabricantes aceleraram o ritmo de lançamentos: a Samsung passou de 10 para 200 novos produtos ao ano, chegando à renovação completa do portfólio a cada 365 dias. A LG, também com 10 lançamentos no início da década passada, hoje apresenta 120 novos modelos ao ano. A Sony, por sua vez, entre produtos e acessórios, praticamente dobrou o volume anual de novidades, para 2,1 mil itens.

Para dar conta da velocidade de lançamentos, o processo produtivo foi adaptado: o projeto de um novo televisor que demorava dois anos e meio, por exemplo, agora deve ser concluído em apenas seis meses. Com o objetivo de integrar as novas tecnologias e atender ao aumento da demanda, os investimentos do setor na Zona Franca de Manaus quase duplicaram em seis anos: de US$ 1,4 bilhão em 2004 para US$ 2,6 bilhões no ano passado, envolvendo máquinas, equipamentos e capital de giro. Em um cenário de competição acirrada, ganha espaço quem é mais rápido. Não por acaso, o setor virou de ponta-cabeça e a posição dos principais players foi completamente invertida. Se, no início da década passada, Philips, Philco e Gradiente dominavam o mercado, agora as líderes são as coreanas LG e Samsung, que estavam começando a diversificar o portfólio na época.

O ano de 2010 será o grande teste para os maiores competidores, que veem na Copa do Mundo a chance de abocanhar uma fatia da concorrência. A grande vedete é a TV, em especial a de LCD, cujo consumo deve crescer 70% este ano, segundo a consultoria GfK, motivado pela migração de tubo para tela plana. O principal produto do setor se beneficiou da sofisticação tecnológica, que lhe agregou valor. Segundo a Euromonitor, o varejo de televisores no Brasil somava vendas de US$ 1,5 bilhão em 1999, cifra que passou a US$ 6,9 bilhões em 2009. As vendas da indústria como um todo também cresceram. De acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o faturamento do pólo eletroeletrônico na região saltou de R$ 7,5 bilhões (US$ 4,1 bilhões) em 2000 para R$ 16,5 bilhões (US$ 8,4 bilhões) ano passado.