04/07/08 14h50

Indústria importa e negocia para cortar custo

Valor Econômico - 04/07/2008

As indústrias brasileiras estão adotando estratégias distintas para compensar parte do aumento de custos provocado pela forte alta na cotação das commodities internacionais, especialmente das cadeias do petróleo e do aço. Além de reajustar parte dos preços, as empresas estão discutindo redução ou dilatação no prazo de pagamento de clientes - o que depende do setor -, ampliando compra de insumos importados, renegociando contratos de prestação de serviço e adotando medidas para ampliar ganhos de produtividade. Em 12 meses, a alta de preços industriais no atacado acumula 10,6%, muito acima dos 2,18% acumulados até junho de 2007. O grupo Suissa, fabricante de produtos de higiene e cosméticos, aumentou seus preços de 10% a 12% em junho, após um ano e meio sem reajustes e deve fazer nova rodada de altas em outubro. A empresa também busca reduzir custos, e negocia com a Light a diminuição do custo da energia consumida. Além disso, ela aumentou o volume das importações. No setor de calçados, a oportunidade para o reajuste de preços ocorre no lançamento das coleções. Por isso, a estratégia é o lançamento de um maior número de coleções. As maiores pressões ocorrem na cadeia de insumos químicos e petroquímicos, como solados, cabedais, tintas e adesivos, no embalo da alta das cotações do petróleo. A forte concorrência imposta pelos importados tem dificultado o aumento de preços no setor têxtil. Segundo Zeno Fischer, diretor de controles e planejamento da Lepper, indústria têxtil de Joinville (SC), os fornecedores da empresa reajustaram preços em torno de 5%. Entre os principais aumentos, destaca o reajuste de fibras sintéticas, como o poliéster, derivado de petróleo. Para contrabalançar a pressão nos custos, as indústrias têxteis em geral estão importando insumos e produtos pré-acabados e acabados, principalmente da Ásia. Na fabricante de tintas Sherwin Williams, a alta do petróleo pressiona custos. O presidente da empresa, Mark Hyde Pitt, diz que ela tem uma vantagem porque parte dos produtos é à base de água, estratégia iniciada há quatro ou cinco anos para reduzir o conteúdo de solventes nos produtos. A alta de custos tem sido enfrentada com tentativas de elevar a produtividade e por negociações com fornecedores. A empresa, por enquanto, não aumentou preços.