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Indústria e varejo reagem para evitar que a classe média pare de comprar

Valor Econômico - 08/04/2009

O comportamento do brasileiro de classe média está mudando rapidamente, em resposta a um cenário que mescla crise econômica e endividamento. O consumidor está diminuindo a frequência com que faz compras nos supermercados; e começou a trocar algumas das marcas que sempre compra pelas concorrentes mais em conta. Tudo isso para economizar. O próximo passo - caso seja preciso apertar ainda mais o cinto nas próximas semanas - é deixar de comprar certas categorias de produto. Preocupados com essa possibilidade, a indústria de bens de consumo e também o varejo estão dando nó em pingo d'água: lançam embalagens tamanho família, versões diferentes do mesmo produto, aumentam a variedade de marcas próprias e até correm atrás do cliente na porta da casa dele.

Segundo uma pesquisa recente da LatinPanel, 89% dos consumidores da classe C (renda familiar entre R$ 1,1 mil/US$ 478.3 e R$ 1,6 mil/US$ 695.7) estavam pagando alguma dívida em 2008. O problema é que essa parcela da população, segundo a Nielsen, representa 44% da população economicamente ativa do país. "Se ela chegar à terceira fase do processo de economia, ou seja, passar da troca de marcas para o corte de despesas, vai ser muito ruim", afirma Ricardo Alvarenga, analista de mercado na Nielsen. É esse passo que indústria e varejo querem impedir que o consumidor dê. "Esse é um momento diferente da economia que exige respostas diferentes, para categorias diferentes de produto. Quem não fizer nada, vai perder consumo", diz Eduardo Ragasol, novo presidente da Nielsen Brasil.