23/02/11 14h27

Indústria deve superar investimentos

TodoDia

Mesmo com a elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano, 70,5% das indústrias associadas ao Ciesp-Campinas (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Campinas) informaram em janeiro que irão manter ou aumentar os investimentos planejados para este ano. Elas projetavam no final do ano investir R$ 125 milhões (US$ 73 milhões) em 2011 - valor 31,6% maior que o de 2010. Os dados são da Sondagem Industrial Mensal da entidade, elaborada pela Facamp (Faculdades de Campinas) e divulgada ontem. A pesquisa, realizada na primeira quinzena de janeiro de 2011, contou com a participação de 49 grandes empresas das 550 associadas à entidade. No mês passado, quase 57% das entrevistadas operavam com capacidade instalada de produção superior a 70%. O indicador está 1,8 ponto percentual acima do registrado no mesmo período de 2010. O índice de janeiro é expressivo porque no início de 2010 ainda vigorava a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

O crescimento da indústria regional em janeiro mostra uma dicotomia. De um lado, o saldo de emprego (contratações menos demissões) foi de 2.050 vagas. “Foi o melhor janeiro dos últimos seis anos, injetando na economia regional cerca de R$ 3 milhões (US$ 1,8 milhão) a mais, mas ainda faltam ser repostas aproximadamente 2 mil vagas perdidas durante a crise econômica mundial”, disse o diretor regional Natal Martins. Do outro lado, não houve aumento significativo da utilização da capacidade instalada por causa da alta nas importações, principalmente de insumos industriais (85,7%), devido ao câmbio desfavorável.

O economista Rodrigo Sabbatini, coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp, informou que muitas empresas deixaram de comprar matérias-primas, componentes e peças da indústria nacional para importar. O preocupante foi a compra no Exterior de produtos industrializados (9,5% do total das empresas importadoras). “O crescimento desse tipo de importação poderá acarretar num processo de desindustrialização regional.”
Recente entrave para o crescimento industrial regional surgiu na semana passada, com os argentinos elevando de 400 para 600 o número de produtos sujeitos a licenças não-automáticas de importação - um mecanismo burocrático que serve para controlar a entrada de produtos no país. Por enquanto, segundo Anselmo Riso, diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, não é possível mensurar os impactos da medida argentina, que devem atingir os setores automotivos, têxtil e eletroeletrônicos.