06/10/09 10h16

Indústria de máquinas dá sinais de retomada no terceiro trimestre

Valor Econômico

Dados recentes mostram que o consumo aparente de máquinas e equipamentos no país teve leve crescimento, de 1,4%, na média de julho e agosto na comparação com a média mensal do segundo trimestre. Considerando o resultado de agosto sobre o de julho, houve estabilidade, com queda de 0,2%. O número, resultado da soma da produção de bens de capital mais importação e excluídas as exportações, é um sinal de que a indústria brasileira voltou investir.

O consumo aparente acumulava quedas seguidas nos últimos trimestres. Caiu 8% nos últimos três meses do ano passado em relação ao período imediatamente anterior, 10,1% no primeiro trimestre de 2009 sobre o último de 2008, e 1,6% no segundo trimestre sobre a mesma base de comparação. Segundo Douglas Uemura, economista da LCA Consultores, indicadores como a confiança da indústria, que está com o melhor valor desde outubro do ano passado, e o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci), com recentes avanços, dão base para a projeção positiva.

O dado de setembro mostra que a Nuci chegou a 81,9%. Segundo cálculos da LCA, acima de 81,5% é um patamar que estimula o investimento em expansão. O ponto mais baixo da utilização da capacidade instalada da indústria foi em fevereiro deste ano, quando ela atingiu 77,6%. "De lá para cá ela avançou 4,3 pontos percentuais, uma recuperação razoável. Já está próximo da média histórica", diz ele.

A recuperação da produção de máquinas e equipamentos é um indício de que as empresas voltam a investir, já que as exportações estão com um desempenho ruim - 15% de queda na média de julho e agosto sobre a média mensal do segundo trimestre. Os produtos estão suprindo o mercado interno. Em agosto, o setor de bens de capital registrou a quinta alta seguida na produção, de 0,4% sobre julho. Comparado ao desempenho de março, mês de menor produção do setor durante a crise, o crescimento em agosto foi de 7,6%, dessazonalizado. "O tombo, porém, foi muito forte, de 31% em março sobre setembro do ano passado, então a indústria de bens de capital ainda tem um bom espaço para percorrer", diz Uemura.

Mesmo com a perspectiva de recuperação neste segundo semestre, os investimentos devem ter uma queda em relação ao ano passado próximo a 10% segundo os cálculos da LCA. Considerando o acumulado do ano em relação ao ano passado, há uma diminuição de 14% do consumo aparente de bens de capital. O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos cresceu 17,7% em agosto sobre julho, mostrando uma recuperação do setor. "Diante de perspectivas melhores, as empresas tiraram alguns projetos da gaveta, apesar do movimento estar longe do que pode ser considerado uma retomada", diz Mário Benardini, diretor de economia da Abimaq, entidade que representa a indústria de máquinas.