26/05/10 11h21

Indústria de cimento acelera aportes

DCI

A indústria de cimento acelera seus investimentos para não perder oportunidades de negócios que serão geradas pelo aquecimento no setor de construção civil brasileiro. Este ano, a produção do insumo pode chegar a 58 milhões de toneladas, dentro de uma capacidade produtiva estimada na casa das 63 milhões de toneladas. Por conta desta margem apertada entre a capacidade e a demanda, que deve se estreitar ainda mais diante do consumo positivo esperado para 2011, empresas como a Votorantim Cimentos, Lafarge e a Companhia Siderúgica Nacional (CSN), anunciaram investimentos que juntos, devem acrescentar uma tonelagem de, pelo menos, mais 22 milhões em de cimento até 2016, especialmente em algumas regiões do Brasil.

"As projeções feitas no ano passado indicavam que teríamos um incremento próximo aos 7%, mas revisamos esta projeção, o que nos levou a uma estimativa de 12% de crescimento na vendas em função da forte influência do crédito público voltado à construção habitacional", analisou José Otavio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). Vale lembrar que entre janeiro a abril deste ano, as estatísticas do Snic mostraram um aumento de 15,7% sobre o volume vendido no mesmo período de 2009.

O executivo explicou que o primeiro semestre do ano passado estava sob forte influência da crise econômica, sendo uma base de comparação fraca, portanto em 2010 haverá uma aceleração e, logo, em 2011 uma estabilização do próximo aos 7%, ainda que as obras na área de infraestrutura a acelerar, por conta do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Carvalho analisa que eventos como a Copa as Olimpíadas são um acelerador de investimentos, mas com efeitos localizados e que as empresas estão atentas na sustentabilidade a longo prazo destas demandas, anunciando gradativamete os aportes, ainda que se diga que o Brasil pode começar a importar cimento, por conta da capacidade de produção tímida em relação à demanda que virá.

Ele lembrou que os investimentos em curso estão direcionados a mercados que estão crescendo de forma diferenciada, geralmente área onde havia menos consumo de cimento per capita e agora, por conta de programas de renda e habitacionais, começam a se desenvolver. "São áreas onde provavelmente tem mais a se construir", falou, ao lembrar que gargalos logísticos sérios podem de alguma forma interferir neste desenvolvimento. "Existe uma interiorização do consumo rumo as Regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do País", disse, recentemente, Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, confirmando essa tendência. Ele lembrou que intenção da empresa ao elevar à R$ 5 bilhões (US$ 2,9 bilhões) os aportes em expansão da capacidade, além de dar conta da demanda iminente, devem estabelecer uma "ociosidade" da capacidade capaz de preencher as possíveis lacunas de consumo no mercado.

Entre as maiores produtoras de cimento do Brasil, a Lafarge, que é líder mundial, quer aumentar sua atuação por aqui. A conta é de que a capacidade instalada atual de 4 milhões de toneladas por ano, alcance as 7 milhões ainda em 2010. Para chegar nesse patamar a empresa investe R$ 60 milhões (US$ 34,3 milhões) em suas cinco unidades locais, devendo ainda receber outras três fábricas da Votorantim, por sua parte na portuguesa Cimpor, negociada recentemente. Outra companhia que anunciou aportes, a CSN vai injetar US$ 600 milhões em três novas unidades, que serão capazes de fazer a capacidade de produção de cimento aumentar de 2,8 milhões de toneladas para sete milhões até 2016, pondo a companhia junto com as concorrentes na liderança de mercado.