04/06/12 12h18

Indústria aposta em inovação para fugir do baixo crescimento

Brasil Econômico

Pesquisa da KPMG mostra que o setor, no mundo, está buscando novas maneiras de inovar. Brasil é um dos destaques


 Apesar de um cenário econômico global turbulento, em que países da Europa estão cada vez mais endividados e os Estados Unidos lutam para se recuperar, a indústria mundial segue nadando numa maré de otimismo. A análise faz parte de um estudo da KPMG, que contemplou mundialmente o segmento automobilístico, conglomerados industriais, metais, aeroespacial e defesa, divulgado com exclusividade ao BRASIL ECONÔMICO.

Dos entrevistados, 76% acreditam que vão se manter no mercado, mas para isso baseiam seu arranque em projetos de inovação para os próximos 12 a 24 meses. E o Brasil é um dos que mais se destaca nesse quesito.

Segundo o sócio-líder de indústrias da KPMG no Brasil, Charles Krieck, a política monetária adotada pelo governo de reduzir a taxa básica de juros (Selic) — hoje em 8,5% ao ano, menor patamar da história — é fator responsável por manter a confiança da indústria por aqui.

“A indústria precisa de linhas de crédito para conseguir investir em processos de inovação e desenvolvimento. Com a Selic nesse patamar, o acesso torna-se muito mais fácil”, defende, sem deixar de destacar que os investimentos estão diretamente ligados à demanda.

“Não faz sentido a indústria investir se percebe que não há demanda. E no Brasil existe exatamente as duas coisas. Por isso acreditamos em um bom cenário para a indústria daqui para frente”, completa.

Kreick cita também como ponto positivo o benefício do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para o setor de automóveis, concedido nos últimos dias pelo governo, o que tende a manter a demanda estimulada. Segundo Kreick, a indústria já percebeu que inovar é sinônimo de crescimento e sucesso, mas fazer isso em parceria com clientes, fornecedores, governo, instituições de ensino, entre outros é garantir sua presença no mercado por longos e duradouros anos.

“Toda vez que parcerias são feitas, custos são reduzidos. Além disso, ela permite também que os fabricantes se concentrem naquilo que são especialistas, ao alavancar experiências dos parceiros externos e acelerar o ingresso no mercado. Percebemos com essa pesquisa que elas tendem a crescer cada vez mais”, aponta.

No entanto, Kreick não deixa de lembrar que a percepção dos resultados não são imediatos, mas muito notados em momentos de crise.

Outro ponto abordado pela pesquisa, segundo Kreick é a questão da participação do cliente na formulação dos produtos, que tem o objetivo de oferecer a eles o que realmente necessitam. “Isso pode se dar em trabalho de pesquisa junto aos clientes, que tendem a responder com base naquilo que julgam precisar”, explica.

Esse ambiente colaborativo está promovendo impacto também sobre modelos de negócios das indústrias, que de acordo com Kreick estão se tornando orientadas para serviços. Isso pode resultar em maneiras de adquirir vantagens competitivas para o setor manufatureiro, por exemplo, no fornecimento de contratos de desenvolvimento e manutenção em outros serviços colaborativos.

“O que significa, por exemplo, o oferecimento de uma garantia estendida ao cliente, sem precisar que ela seja realizada por terceiros”, diz, explicando, por exemplo, o seguro de uma carro, que dependendo do acordado com a montadora pode ser estendido para além do período previsto.