13/01/11 11h41

Índice do BC aponta aceleração da atividade no fim de 2010

Valor Econômico

O índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,42% em novembro, na comparação mensal com outubro. O indicador do desempenho da economia divulgado mensalmente pelo BC saiu de um patamar de 140,28, em outubro, para 140,87, em novembro, na série dessazonalizada. A expansão é uma das mais altas do ano e confirma a expectativa de que a economia brasileira se acelerou no quatro trimestre para um ritmo que anualizado se aproxima do PIB potencial. Quando comparado com novembro de 2009, o índice do Banco Central apresentou elevação de 5,23%. O IBC-Br é visto pelo mercado como uma boa antecipação do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).

Usando o conceito de média móvel, que suaviza as oscilações mensais e aponta o crescimento dos últimos três meses comparados como os três meses anteriores, fica claro a aceleração da economia no quarto trimestre. O IBC-Br passou de 0,18% agosto, para 0,29% em setembro, 0,38% em outubro, e 0,44% em novembro, considerando a média móvel de três meses. "A média móvel do IBC-Br vem subindo há quatro meses e os dados preliminares do desempenho do comércio e da indústria em dezembro mostram que é provável que tenhamos um PIB acima de 1% no quarto trimestre", afirma Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, que projeta um crescimento do PIB entre 7,7% e 7,8% no ano passado.

Caso se confirme uma expansão da atividade econômica na casa de 1% nos últimos três meses do ano, o desempenho anualizado da economia estaria próximo do chamado PIB potencial, de 4,5%. Isso significa que o crescimento não provocaria pressões de preços e manteria a inflação ao redor do centro da meta, de 4,5%. Leal pondera, no entanto, que há outros fatores que devem ser considerados. O economista do Banco ABC lembra que boa parte da demanda tem sido suprida por produtos importados e essa variável deve ser incluída na conta. A demanda interna no quarto trimestre, diz ele, considerando o peso dos bens importados, subiria para algo próximo a 2%, o que anualizado representa uma expansão da economia da ordem de 8%. Até por conta desse ritmo de crescimento da demanda, Leal acredita em um ciclo de aperto monetário de 1,5% começando em janeiro. Mas essa alta da Selic terá de vir acompanhada de novas medidas macroprudenciais.

Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, acredita que a economia esteja próxima ao seu crescimento potencial, mas pondera que o nível de utilização da capacidade instalada está acima do chamado nível neutro. Isso provoca pressões de preços e exige uma política monetária contracionista por parte do BC. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria (Nuci), medido pela FGV, ficou em 84,9%, em dezembro, acima do considerado neutro pela LCA, que seria de 84%. "A economia brasileira cresce num ritmo próximo do sustentável, mas vai ser preciso que cresça abaixo do nível de equilibro nos próximos meses para que o hiato do produto volte a um nível próximo de zero e a inflação volte para o centro da meta", disse Borges.

Ele também acredita em maior coordenação das políticas entre os integrantes da equipe econômica do novo governo e, dessa forma, o aperto monetário tradicional, com alta de juros, poderá ser mais ameno, de um ponto percentual, acompanhado de novas medidas macroprudenciais como, por exemplo, mais restrição ao crédito. "O governo quer evitar uma alta muito grande dos juros para não piorar a questão cambial", afirmou.