18/03/11 11h54

Indicadores fortes questionam desaceleração

Valor Econômico

A divulgação de importantes indicadores econômicos nos últimos dias colocou em xeque a visão de desaceleração da atividade no começo de 2011. A forte criação de empregos formais no primeiro bimestre, o desempenho positivo em janeiro do comércio varejista e do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apontam para uma economia ainda forte, amparada no contínuo crescimento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego está nas mínimas históricas e a renda segue firme, mantendo elevada a confiança do consumidor, mesmo com a alta dos juros e a adoção de medidas de restrição ao crédito.

Nesse cenário, ganha mais força entre os economistas a aposta num crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre em torno de 1% em relação ao quarto trimestre do ano passado, feito o ajuste sazonal - uma variação mais forte que o 0,7% do trimestre anterior, na mesma base de comparação. Para o economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, o resultado mais forte nos três primeiros meses do ano pode tornar o número de 4% o piso das projeções para a expansão em 2011, interrompendo o processo de redução das estimativas para o intervalo entre 3,5% e 4%.

Ramos destaca o comportamento extremamente forte do mercado de trabalho. Em janeiro, nota ele, a taxa de desemprego ficou em 6,2% no ajuste sazonal da Quest, o nível mais baixo da série, o mesmo de outubro e novembro de 2010. Ainda que a trajetória não siga em queda como ocorreu ao longo do ano passado, trata-se de um patamar extremamente baixo para padrões brasileiros, que continua a estimular a atividade econômica e a pressionar a inflação, na avaliação do o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Nesse quadro, o rendimento segue em trajetória firme, como nota o economista Júlio Callegari, do J.P. Morgan. Esse é um fator que o leva a prever mais um bom ano para o consumo das famílias.

Regis Bonelli, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), observa que a confiança dos consumidores segue bastante elevada, o que ajuda a explicar o bom momento das vendas no varejo em janeiro. Para Bonelli, a alta em curso da taxa Selic parece ter afetado pouco as decisões de consumo de curto prazo. As medidas de restrição ao crédito tiveram impacto sobre os prazos e juros de financiamento, diz ele, notando, porém, que houve ao mesmo tempo uma busca maior por linhas de crédito mais caras, como cheque especial e cartão de crédito.

Um sinal de força da economia foi a criação de empregos formais em fevereiro, que atingiu 280,2 mil vagas, com destaque para o setor de serviços, diz Ramos. O grande volume de empregos formais indica que os empresários continuam com expectativas positivas sobre a economia, acredita o economista-chefe do Santander, Maurício Molan. Segundo ele, as medidas para conter a demanda não levaram as empresas a brecar as contratações, pelo menos até o momento.