21/09/07 10h44

Indianos reforçam negócios no Brasil

Folha de S. Paulo - 21/09/2007

As companhias indianas de tecnologia da informação (TI) ainda não construíram no Brasil nenhum dos palácios high tech que costumam maravilhar os visitantes em cidades da Índia como Chennai, a antiga Madras, ou Hyderabad. Mas guardadas as proporções entre os negócios lá e aqui (com ampla vantagem para o mercado indiano), três das quatro gigantes do setor - TCS, Satyam e Wipro - preparam-se para uma nova e reforçada fase de investimentos no Brasil. E como se sabe, no setor de serviços de TI, tão fortemente apoiado em mão-de-obra, crescer significa uma coisa: contratar mais pessoal. Na TCS, braço do grupo Tata - o maior conglomerado industrial da Índia -, o plano é elevar o quadro atual, de 1,7 mil pessoas, em quase 200% nos próximos dois anos. Nos últimos meses, as mudanças em torno da expansão dos negócios ganharam um sentido literal na TCS. A empresa está transferindo seu pessoal de São Paulo para um novo centro de serviços em Barueri, na Grande São Paulo, onde já tinha instalações menores. "Dos 1,7 mil funcionários atuais, entre 900 e mil ficarão no novo prédio", diz. Os demais ficarão divididos entre Brasília e Campinas (SP), onde a empresa também já opera outros centros. De certa forma, a transferência completa a transição mais importante da companhia no Brasil, desde que ela começou a atuar no país, em 2003, numa associação com a brasileira TBA. Há quatro meses, depois de cinco anos de parceria, as duas empresas encerraram a aliança, com a TCS indiana adquirindo os 49% que pertenciam à TBA, num acordo de US$ 33,4 milhões. Apesar de tornar-se uma subsidiária integral do grupo indiano, a TCS continuou a dividir espaço com a equipe da TBA São Paulo, em instalações da ex-sócia. A mudança coloca um fim nisso, mas já estava planejada mesmo antes de a aliança terminar. Na Satyam, quarta maior empresa de TI da Índia, também está em estudos a construção de um centro de desenvolvimento maior. A empresa, que desembarcou no Brasil em abril, quase dobrou sua equipe desde então, de 70 para 130 profissionais. Mas para tornar viável seu plano de crescimento, que prevê quintuplicar o quadro de pessoal até setembro do ano que vem, terá de encontrar um novo espaço. A idéia é transformar o escritório atual, que fica na região da avenida Berrini - uma das mais valorizadas da cidade -, no quartel-general da companhia. A equipe de desenvolvimento, que responderá pelo grosso das contratações, será acomodada em outra região, mais barata. A Wipro, outra gigante indiana, já definiu o lugar onde pretende fixar sua nova base: Curitiba (PR). A cidade está indiretamente ligada à história da companhia. Em 2001, foi em Curitiba que a Enabler, uma empresa de tecnologia ligada ao grupo português Sonae, decidiu instalar sua sede brasileira. Em junho do ano passado, a Enabler foi comprada pela Wipro, que herdou as operações brasileiras. Atualmente, a companhia tem cerca de 70 profissionais no Brasil. Em que pesem as diferenças no porte da operação brasileira e nas próprias estratégias de competição, o objetivo entre essas companhias é o mesmo: transformar-se em uma alternativa de peso à India na exportação de serviços para grandes clientes, principalmente dos Estados Unidos.