14/04/10 14h20

Incubadoras de base tecnológica atraem filas de candidatos

Valor Econômico

Thiago Guerreiro aguarda ansiosamente o próximo edital do Centro de Desenvolvimento das Indústrias Nascentes (Cedin), vinculado ao Parque Eco-Tecnológico de São Carlos (SP), para seleção de novas empresas que integrarão a incubadora. Para concorrer a uma vaga, ele está criando uma empresa para produzir equipamentos de análise química de baixo custo. "Quero transformar meu projeto de mestrado em negócio. A incubadora vai me dar a estrutura de que preciso." Guerreiro não está só nessa empreitada. A concorrência entre empresas para se vincular a incubadoras e parques tem aumentado significativamente. Em alguns casos, o número de candidatos dobrou em relação ao ano passado.

Em 2009, conforme levantamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), 3,1 mil empresas com projetos na área de inovação foram criadas e buscaram vincular-se a parques tecnológicos. Desse total, 1,2 mil conseguiram uma vaga ou se associaram a algum parque, mantendo a sede da empresa fora desses ambientes. Existem hoje no Brasil 6,3 mil empresas vinculadas a incubadoras e parques tecnológicos e pouco mais de 1,5 mil graduadas (que já passaram pela fase de incubação), segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). As empresas que não conseguiram vaga permanecem na fila de espera, que cresce a cada dia, observa o presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonsky.

"A melhora no cenário macroeconômico também contribui para que a demanda cresça", afirma Plonsky. Ele avalia que o apoio oferecido às pequenas empresas traz resultados que atraem os empreendedores. O índice de mortalidade entre as empresas de tecnologia que deixam as incubadoras continua em torno de 20%, mas a taxa é muito mais positiva do que a verificada no conjunto geral de pequenas empresas, cuja mortalidade é de 50% nos primeiros dois anos de atividade.

Plonsky, da Anprotec, confirma como um dos fatores para o interesse crescente pelos parques a decisão da Finep de transformar 17 incubadoras em agentes descentralizados para selecionar as empresas que receberiam subvenção do programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). O programa concede R$ 120 mil (US$ 67 mil) em subsídio para empresas de inovação com até dois anos de existência. Em 2009, a Finep liberou R$ 165,7 milhões (US$ 84 milhões) por meio do Prime. "O programa chamou mais a atenção das empresas para os parques tecnológicos. Como resultado indireto, a concorrência para entrar nesses ambientes cresceu", diz.