Incubadora reduz mortalidade de empresas em Araraquara

Empreendedores se sentem mais seguros e confiantes com apoio e acompanhamento

Empreender no Brasil não é tarefa fácil por vários motivos: a burocracia, a alta carga tributária e claro, a falta de estratégias de mercado e captação de clientes. De acordo com dados da pesquisa Demográfica das Empresas, divulgados em setembro do ano passado, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das 694.500 empresas criadas em 2009, apenas 39% continuaram de portas abertas até 2014. Isso quer dizer que três a cada cinco encerraram suas atividades.

Na Incubadora de Empresas de Araraquara, os resultados são infinitamente melhores que o cenário nacional; apenas uma a cada dez empresas não sobrevivem. O segredo, de acordo com o gerente executivo do espaço, Lucas José Campanha, é o apoio que os empresários e empreendedores recebem desde a ideia até a execução do projeto: “Aqui os empreendedores não estão isentos de riscos, mas estão em um ambiente protegido. Fazemos acompanhamento diário, de monitoramento financeiro, administrativo, tudo que envolve o plano de negócio”, explica.

O espaço abriga 14 empresas de base tecnológica e tradicional. Algumas desenvolvem complexas máquinas para indústrias, equipamentos sofisticados para laboratórios e tem também cozinhas artesanais, comida natural para cachorro e até uma fábrica de cachaça.

Renan de Lima Faria montou com seu irmão e seu pai uma destilaria dentro da incubadora. Formados pela Unesp, eles se especializaram na produção e qualidade da aguardente e encontraram a estrutura que precisavam para o negócio de bebida envelhecida vingar.

“Não é fácil empreender no Brasil, há muita burocracia, muitas barreiras, custos, então aqui, recebemos todo apoio que precisamos e ainda compartilhamos com outras pessoas que estão começando. Todo tipo de apoio ajuda”, avalia ele.

A infraestrutura é oferecida pela Prefeitura e toda gestão e acompanhamento dos negócios é realizado pela Unesp. As empresas podem ficar por até três anos e depois devem caminhar com as próprias pernas. “Os riscos dentro da incubadora existem, mas eles são calculados. Nós já conhecemos os processos de legislação, trabalhamos muito questões como precificação, se vendem e compram pelo valor correto e isso faz diferença”, acredita Campanha.

O perfil dos empreendedores varia muito; aqueles ligados a tecnologia, na maioria dos casos, começou por uma oportunidade de negócio. As empresas da área de alimentação, normalmente nasceram por alguma dificuldade.

O filho da empresária Elenice Supesche perdeu a perna em um acidente de moto e a família começou a vender nhoque para sobreviver. A massa comprada fez tanto sucesso que ela resolveu desenvolver sua própria receita. Hoje a empresa oferece também lasanha, caneloni, safioli e tem capacidade para produzir até 300 quilos por dia.

“Se eu não estivesse vindo para cá eu não teria condições de tocar o negócio. A Vigilância Sanitária, por exemplo, exige muito e nós não temos experiência. A incubadora nos ajuda até com apoio psicológico”.

Serviço

A incubadora de Empresas de Araraquara está instalada na Avenida Jorge Fernandes de Mattos, número 311, no VIII Distrito Industrial de Araraquara.