10/03/08 11h38

Importação de bens de capital aumenta 57% até fevereiro

Folha de S. Paulo - 10/03/2008

O dólar baixo tem incentivado as empresas brasileiras a substituírem a compra doméstica de bens de capital pela importação de máquinas e equipamentos. Nos dois primeiros meses, o valor da importação de bens de capital cresceu 57,7% ante o mesmo período de 2007, enquanto a expansão da produção interna de bens de capital deve ter ficado na faixa de 15%, tomando como base o resultado de janeiro. A conclusão consta de estudo realizado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) intitulado "Os destaques do grande crescimento das importações". O objetivo foi o de identificar os setores que lideraram o crescimento das compras externas. Os setores que mais se destacaram em termos de taxa de crescimento da média diária no primeiro bimestre foram os seguintes: bens de consumo duráveis (74,1%), bens de capital (57,7%) e bens intermediários (53,2%). Esses três setores ficaram acima do crescimento do total das importações no período, que foi de 50,7%. Já bens de consumo não-duráveis, com avanço de 24%, e combustíveis e lubrificantes, com alta de 37,5%, tiveram taxas de expansão inferiores à média e abaixo do ritmo de evolução em 2007 (32,2% e 32,1%, respectivamente). Segundo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, a aceleração do crescimento dos setores de bens de capital e bens de consumo duráveis reflete o dinamismo do investimento e do consumo. Em relação ao caso do setor de bens de capital, o trabalho chama a atenção para a expansão de 78,1% das compras do setor de maquinaria industrial. Só esse segmento contribuiu com 38,7% no crescimento das importações da categoria. Trata-se de um sinal de que a indústria está em processo de forte ampliação da sua capacidade produtiva, o que é positivo para a preservação do controle sobre a inflação. Apesar desse sinal positivo, o trabalho do Iedi chama a atenção, no entanto, para a possibilidade de estar ocorrendo um processo de substituição da produção doméstica por importações no setor de bens de capital. De acordo com Júlio Sérgio Gomes de Almeida, isso se deve a dois motivos: a forte valorização do real frente ao dólar e o acelerado crescimento da economia.