23/04/08 10h19

Ibovespa descola e sobe 7,3% no mês

Valor Econômico - 23/04/2008

As commodities têm segurado as pontas da bolsa brasileira em meio à crise que começa a impor aos EUA um freio, que não se sabe por quanto tempo e nem para quais economias irá se estender. Apesar de o vencimento de opções ontem mascarar qual a tendência no curto prazo, no mês o Ibovespa já acumula alta de 7,29%, tendo encerrado a terça-feira com 65.412 pontos. Simultaneamente à reação ensaiada por Wall Street - com valorizações de 4,03% do S&P500 e de 3,73% do Dow Jones em abril -, o que se observa por aqui é uma volta persistente do capital externo. Até o dia 16, o saldo líquido dos estrangeiros somava R$ 3,858 bilhões. A dinâmica a favor do Brasil se repete quando se compara os desempenhos no ano, com ganhos de 2,39% para o Ibovespa, ante desvalorizações de 6,29% para o S&P500 e de 4,11% para o Dow Jones. E se amplifica em 12 meses, com performances de 32,39%, -7,30% e -1,87%, respectivamente. Com a escassez de oferta, o robusto consumo e as cotações dos metais e do barril do petróleo nas alturas, dificilmente essa situação irá mudar radicalmente. Enquanto houver demanda pelas commodities, o Brasil seguirá, de certa forma, alheio ao comportamento externo, reitera George Sanders, da Infinity Asset Management. Ele lembra que o país também guarda uma posição privilegiada na América Latina por ter um parque industrial diversificado, um mercado financeiro líquido e ativos com alto potencial. "No médio prazo, é isso que acaba aparecendo nos preços." Comparativamente ao México, as ações brasileiras ficaram baratas, especialmente nos setores de consumo, construção civil e bancos, já indicava o chefe da área de pesquisa do UBS Pactual, Damian Fraser, na semana passada, quando elevou a bolsa brasileira para "overweight" (acima da média), rebaixando o México para neutro. Em entrevista à Bloomberg, ele estimava o crescimento dos lucros das empresas locais em 33,5% neste ano. A Merrill Lynch classifica o Brasil como "overweight", com México e Chile como neutros e a Argentina como "underweight" (abaixo da média). Na contramão, o Citigroup prevê que a bolsa mexicana terá melhor desempenho do que o Ibovespa, porque o rali das commodities tende a se esgotar no meio do ano.