04/10/12 10h38

Hyundai está pronta para o regime automotivo

AutomotiveBusiness

Fábrica de Piracicaba já opera com 76% de nacionalização do HB20

A Hyundai “ligou” a linha de produção em série do hatch HB20 no último dia 20 de setembro e já faz 34 carros por hora em dois turnos de 20 horas de trabalho, de segunda a sexta-feira, para abastecer com cerca de 3 mil unidades a rede de concessionárias, que começa a vender o modelo a partir do próximo 10 de outubro. O início da operação ocorreu apenas 17 meses após o assentamento da pedra fundamental da planta em Piracicaba (SP). Apesar do prazo tão curto, os executivos da empresa no Brasil acreditam que o novo regime automotivo tem baixo impacto em suas atividades, mesmo com a exigência de compras de componentes nacionais para a concessão de desconto fiscal, pois o carro brasileiro da marca já nasce com índice de nacionalização de 76%, segundo Ricardo Martins, gerente sênior de assuntos corporativos da Hyundai Brasil, durante participação no painel “Desafios e Oportunidades para a Manufatura com o Novo Regime Automotivo”, realizado na quarta-feira, 3, como parte da programação do Congresso SAE 2012, em São Paulo.

“Quando tomamos a decisão de fazer a fábrica já pensamos em trazer fornecedores para o mesmo parque industrial, e eles trataram de negociar com fornecedores locais e também já têm índices elevados de nacionalização”, explica Martis, que calcula em 70% o índice de nacionalização requerido pelas regras do novo regime. Ao todo, a Hyundai opera com 21 fornecedores diretos no Brasil, dos quais oito estão instalados (ou em fase de instalação) em uma área bem ao lado da fábrica de Piracicaba (Mobis, Dymos, Hyszo, MS Autotech, Hwashin, Doowon, THN e Hanil).

Depois do HB20, Martins confirmou que a Hyundai produzirá em Piracicaba mais dois modelos sobre a mesma plataforma: além do hatch, o sedã, que chega em março de 2013, e no segundo semestre uma versão com estilo SUV, de utilitário esportivo. Em agosto passado, após cumprir algumas exigências de industrialização, a Hyundai se tornou sócia da Anfavea, a associação dos fabricantes. Com isso, a denominação de outro associado, a Hyundai Caoa, passará a ser apenas Caoa, que continuará a montar sob concessão modelos da marca coreana em Anápolis (GO) de forma independente.

Martins afirma que a Hyundai atende à maioria das exigências para obter os benefícios do regime automotivo, incluindo todos os processos industriais. "Só não fazemos ainda motor e transmissão, mas montamos várias partes aqui até começarmos a produção local", diz. Ele também lembra que a marca já aderiu ao programa de etiquetagem veicular do Inmetro. “O motor 1.0 do HB20 tem 80 cavalos é o mais potente e eficiente do mercado”, lembrou.

O que terá “médio impacto” nas operações é a necessidade de investir parcela do faturamento no País em atividades de pesquisa e desenvolvimento. “Para isso, de fato, teremos de acelerar os planos de instalar um centro de tecnologia no Brasil, pois apesar de o HB20 ter sido projetado especialmente para o mercado brasileiro, até agora fizemos 60% do desenvolvimento fora, em nossas unidades na Europa e Coreia”, diz Martins. A Hyundai só esperava pela regulamentação do regime - o que acontece na quinta-feira, 4 - para decidir como vai investir nisso. Já existem negociações com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) para uso dos laboratórios da entidade.

MERCADO

Martins disse que a procura pelo HB nos concessionários já abertos está muito forte. “Esperávamos produzir este ano 20 mil veículos, mas já recebemos 37 mil encomendas.” Contudo, o executivo vê este número com cautela e afirma que a Hyundai não tem intensão de aumentar volumes de produção no curto prazo sem a certeza da demanda firme. “Adotamos uma posição conservadora. Vamos primeiro sentir como o mercado reage ao produto. Nossa ambição é atingir a capacidade da fábrica de 150 mil unidades por ano com qualidade. Não temos intenção de aumentar volumes e market share no momento.”

Sobre as expectativas do novo regime automotivo, Martins criticou o curto horizonte da política industrial que vai só até 2017. “Cinco anos é muito pouco para amortizar o investimento em uma fábrica. Os investidores querem previsibilidade e garantias de longo prazo. Um plano como esse deveria se estender para 2025, por exemplo”, defendeu.