Hyundai acelera seus planos de expansão e investe em brasileira
Com plano de investir US$ 10,2 bilhões em um terreno para nova sede em Seul, montadora vai estender contrato com brasileira Caoa
Brasil EconômicoA sul-coreana Hyundai Motor Company coloca o pé no acelerador para chegar à sua meta de vender nove milhões de veículos em todo o mundo. A montadora fechou 2013 com 4,73 milhões de unidades vendidas. Uma das decisões para comportar esse crescimento, a aquisição de um terreno na região luxuosa de Gangnam, em Seul, por quase US$ 10,2 bilhões — que supera e muito a oferta feita pela Samsung, de U$S 3 bilhões — tem gerado especulações e a reação de investidores da companhia. No entanto, a montadora tenta afastar qualquer polêmica e, inclusive, descarta que a greve de funcionários tenha a ver com os investimentos na nova sede.
“A ideia com a oferta é segurar o terreno, que tem uma localização estratégica: está em uma região central e com grande infraestrutura. Teremos um centro global de negócios. Estarmos mais próximo nos ajudará a aproveitar melhor as sinergias”, diz o vice-presidente global de comunicação corporativa da Hyundai Motor Company, Zayong Koo. Depois de pronto, o complexo vai abrigar, além de escritórios, um parque com o tema automobilístico e ainda um hotel.
“O hotel serviria para abrigar, por exemplo, nossos convidados. A ideia do parque é servir de experimentação e diversão”, completa a gerente global de relações públicas da Hyundai Motor Company, Meeyoung Song. A Hyundai detém ainda participação majoritária na Kia.
No Brasil, a empresa tem experimentado o sucesso depois do início da produção em Piracicaba, São Paulo, onde desde 2012 fabrica o HB20, modelo criado especialmente para o mercado brasileiro. A empresa investiu US$ 700 milhões na planta, que tem capacidade de produzir 150 mil unidades por ano e onde também é montado o Tucson para o mercado nacional. Segundo a companhia, o contrato de parceria com a Caoa na planta, que termina em 2018, deve ser renovado, mas um novo HB20 só deve sair do papel daqui a pelo menos quatro anos.
“O mercado tem melhorado muito. Esperamos crescer nos próximos anos, mas por enquanto não temos planos de expandir a fábrica e nem produzir outros modelos no Brasil. Se as coisas melhorarem, vamos pensar nisso mais para frente. Temos uma boa relação com a Caoa e devemos prorrogar o contrato”, diz o gerente-geral Jaewon Kim. Por enquanto, outros modelos vendidos no Brasil, como o ix35 e Genesis, continuam a ser importados da Coreia.
Para o gerente-geral de Políticas de Relacionamento da Hyundai, M.J. Park, uma eventual derrota da presidenta Dilma nas eleições da semana que vem não mudaria os planos da companhia para o país. “Queremos participar das economias onde estamos, gerando empregos”, diz ele. A Hyundai possui fábrica em mais sete países: República Tcheca, Rússia, China, Estados Unidos, Turquia, Índia, além da Coreia do Sul, seu país de origem.
No entanto, a empresa tem visto sua participação de mercado diminuir justamente onde nasceu. Seu market share que já foi de mais de 50%, caiu para pouco mais de 40% no ano passado. O motivo, explica Meeyoung, é a invasão de carros norte-americanos e europeus, agora mais acessíveis.
Mas não só de carros vive a Hyundai. O Hyundai Motor Group é também o único que possui uma montadora e uma siderúrgica própria, a Hyundai Steel — décima quarta maior do mundo, com a capacidade de produzir 12 milhões de toneladas de chapas de aço, e que gera receitas de US$ 12,81 bilhões para o grupo. Além de abastecer suas unidades de automóveis, a fábrica tem como objetivo suprir as necessidades de seu braço de construção e engenharia, também com sede na Coreia do Sul.
Uma mistura de minério de ferro brasileiro — da Vale — e australiano, além de outros países como África do Sul e Canadá, em menor quantidade, dão mais maleabilidade às chapas, permitindo que os modelos da marca tenham linhas mais curvas. A produção — 20% é destinado para outros clientes do mercado — é escoada para as unidades fabris de todo o mundo por um porto localizado no próprio complexo.