15/03/11 11h24

Hypermarcas se prepara para ano de colheita

Valor Econômico

Depois de fechar nove aquisições nos mercados de medicamentos e beleza pessoal no ano passado, 2011 será o "ano da colheita" para a Hypermarcas, afirmou o diretor-presidente da companhia, Claudio Bergamo, em conferência de divulgação de balanço. O número de aquisições em 2010 foi o recorde da Hypermarcas, que costuma ter uma média de até cinco por ano. O acelerado ritmo de aquisições foi utilizado pela empresa para justificar a queda na margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no ano, que ficou em 23,2%, contra 25,7% de 2009. "Acumulamos ineficiências das empresas adquiridas sem ter o tempo necessário para sinergias. Vários investimentos que fizemos vão maturar agora e vamos começar a colher os frutos", disse.

O quarto trimestre foi provavelmente o pior da Hypermarcas, de acordo com o presidente da companhia. "Tivemos um monte de aquisições ao mesmo tempo e uma série de estruturas duplicadas. Agora, as aquisições vão diminuir de velocidade." A empresa fechou o quarto trimestre com lucro de R$ 87,9 milhões (US$ 50 milhões), um crescimento de 6% em relação ao mesmo período de 2009. Os resultados referentes ao último trimestre de 2010 consolidam a aquisição da York, incorporam os números da Bitufo nos dois últimos meses e os dados da marca Pom Pom em dezembro.

No período, a receita líquida avançou 34%, para R$ 942,6 milhões (US$ 535,6 milhões). Desse total, R$ 785,2 milhões (US$ 446,1 milhões) referem-se às receitas provenientes das mesmas marcas (marcas que pertencem ao portfólio há pelo menos 12 meses), representando um crescimento orgânico de 12%. O Ebitda foi de R$ 223,6 milhões (US$ 127,1 milhões), uma expansão de 45%. Para 2011, a meta da empresa é margem Ebitda de 24% a 25%. Para puxar o índice, uma aposta importante é a Mantecorp, adquirida em dezembro, que registrou margem Ebitda de 29% no ano passado. A Pom Pom, comprada em novembro por R$ 85 milhões (US$ 48,3 milhões), servirá de guarda-chuva para vários lançamentos voltados ao público infantil em 2011. "A Pom Pom deverá ser uma das marcas mais importantes da companhia nos próximos dois ou três anos, com crescimento acelerado", diz Bergamo.

Em 2010, a Hypermarcas apostou na estratégia de relançar marcas adormecidas, como Risqué, Monange, Biocolor e Bozzano. A empresa lançou mais de 400 itens ao longo do ano, número que pode subir para até 700 em 2011, ou seja, cerca de dois por dia. Vice-líder em medicamentos genéricos, a Hypermarcas vai reajustar os preços de seus produtos em média em 4,57% a partir de 31 de março. Uma resolução publicada neste mês no "Diário Oficial da União" autoriza aumento de 3,54% a 6,01% para medicamentos. Em 2010, o crescimento orgânico do segmento farmacêutico para mesmas marcas da empresa foi de 22%. "Em 2011, não devemos continuar na mesma velocidade", afirmou Bergamo. Para ele, os ajustes na taxa básica de juros, com o objetivo de conter a inflação, devem desacelerar a demanda.