Hub 55 quer atrair empresas para Connecticut
Valor EconômicoUma iniciativa privada visa atrair empresas brasileiras para a costa leste dos Estados Unidos, em Connecticut, Estado situado entre Boston e Nova York, dois dos principais centros econômicos do país. Com base em New Haven, onde está sediada a Universidade de Yale, foi inaugurado na semana passada o Hub 55, um espaço com escritórios compartilhados, que pretende dar assistência e consultoria para a instalação de companhias do Brasil.
Com interesse em receber empresas de tecnologia da informação, aeroespacial e equipamentos médico-hospitalares, o governo local está oferecendo subsídios a fundo perdido e financiamento a um juro anual de 3%, a depender do número de empregos gerados.
A estimativa é que dez empresas estejam alocadas nos próximos 12 meses no Hub 55, afirmou Pamela Silva, fundadora do negócio e sócia da consultoria Paseli. O local será também a primeira base no exterior das companhias que fazem parte do Parque Tecnológico de São José dos Campos.
No momento, três empresas já fecharam contrato com o Hub 55: Green Digital, de marketing on-line; Corcam, voltada ao desenvolvimento de tecnologias de monitoramento da saúde humana e Aevo, que atua no desenvolvimento de softwares. Outra que está próxima de bater o martelo é a catarinense Olsen, que fabrica equipamentos mobiliário hospitalar e exporta para cerca de 100 países.
Além da estrutura, o Hub 55 oferece equipe de apoio administrativo, estruturação de plano de negócios, recrutamento de profissionais e apresenta a empresa para a clientes potenciais locais. Para isso, as empresas terão de desembolsar no mínimo US$ 18 mil para um plano de seis meses.
No caso da Aevo, de São Paulo, a internacionalização antes prevista para 2018 foi adiantada para aproveitar a oportunidade, segundo o diretor de negócios Rodrigo Dal Moro. "Faremos um teste para analisar a aderência dos nossos produtos e precificação no mercado americano", disse. A empresa já tem demanda de países como Espanha e Uruguai. Agora, busca oportunidades nos Estados Unidos e está em contato com três consultorias com objetivo de distribuir seus produtos -softwares de gestão de projetos e de operação industrial.
Alexandre Barros, gerente de empreendedorismo e inovação do Parque Tecnológico de São José dos Campos, diz que o plano é que as companhias que compõem seu grupo utilizem o espaço inicialmente para reuniões pontuais e partam para a internacionalização propriamente dita num futuro próximo. Três startups devem fazer esse processo em um primeiro momento. "A ideia é que estas empresas, se errarem, errem de forma barata. Ou acertem de forma barata. Imagino que em dois ou três anos tenham espaço no Hub", afirmou.
Outros parceiros brasileiros são a Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) e Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), que assim como o Parque de São José fazem a ponte entre as empresas interessas em ir para os EUA e o Hub 55. A iniciativa também tem o apoio institucional do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil (MCTIC).
Com o objetivo de recuperar parte dos empregos perdidos com a crise de 2008, o governo de Connecticut criou, em 2012, incentivos para atrair empresas, que foram estendidos para empresas estrangeiras dois anos depois. Em um MBA de gestão em Yale na época, Pamela teve contato com autoridades do Estado e propôs que o Brasil entrasse nesse rol.. Outros países na mira de Connecticut são Israel e Alemanha.
"As empresas precisam estar onde querem ter mercado. Se elas olham para a costa leste, aqui estamos", disse a diretora do Departamento de Economia de Connecticut, Beatriz Gutierrez. Há a promessa de subsidiar até 50% do projeto, sendo parte um financiamento com taxa de juros de 3% ao ano e parte a fundo perdido, a depender número de empregos gerados. O objetivo é tentar reter talentos de Yale e outras universidades da região, que acabam ficando apenas o tempo da graduação.
O valor é considerado "seed money" ou seja, um capital destinado a empresas iniciantes. "Por outro lado, não há determinações específicas sobre o uso do dinheiro, e isso é considerado agressivo", disse o gerente-executivo da Softex, Guilherme Amorim. Há cerca de 10 anos, a Softex tentou apoiar a internacionalização de empresas brasileiras, também por uma espécie de "hub" que não prosperou. "Não era um local físico, mas só conexões com influenciadores, era uma rede de contatos", afirmou.
Ainda que haja a possibilidade da lei dos incentivos mudar a qualquer momento, não há expectativas de ingerência do presidente Donald Trump sobre o assunto tanto na visão do governo democrata de Connecticut quanto dos empresários brasileiros que participaram do lançamento do Hub. "O Trump quer gerar empregos e que as empresas estejam aqui de forma legal. As empresas que pedem visto para os Estados Unidos precisam se comprometer em gerar empregos", disse Pamela.