Hortitec apresenta novos produtos que podem chegar à mesa dos consumidores
Edição ocorre em Holambra e deve movimentar cerca de R$ 400 milhões em negócios
Correio PopularA Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas, maior evento hortifrutícola da América Latina, tem previsão de movimentar cerca de R$ 400 milhões, valor recorde nas 28 edições, e apresenta novidades em ferramentas, maquinários, equipamentos e novas tecnologias, além de novos produtos que poderão chegar à mesa dos consumidores. Uma das novidades do evento, em Holambra, é o cultivar de morango (planta com características específicas resultantes de pesquisas em agronomia e biociências) 100% nacional desenvolvido para atender as exigências do consumidor brasileiro pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, sediada em Pelotas (RS).
Ela chegará ao mercado no próximo ano para disputar um segmento amplamente dominado por variedades importadas e adaptadas para o País.
Elas representam 99,8% do total produzido no Brasil, que ocupa a 13ª colocação mundial em área plantada, que no ano passado foi de 5.279 hectares, mas é o sétimo maior produtor, com 218.881 toneladas em 2022, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Batizado de BRS DC25 Fênix, “o novo cultivar é mais doce e crocante para agradar o paladar do brasileiro, mas o mais importante é o pagamento de royalties que vão gerar recursos que vão ficar no país”, disse o chefe do grupo de pesquisa do novo morango da Embrapa, Sandro Bonow. A variedade de morango será lançada oficialmente na Expointer, que será realizada de 26 de agosto a 3 de setembro, em Esteio (RS), e estará disponível para plantio na próxima safra, que começará em março de 2024.
Bonow explicou que os testes de campo, realizados em diversas partes do País, inclusive em Atibaia, que é um grande polo produtor, apontam que o Fênix tem um tempo de desenvolvimento menor, podendo ser colhido em 50 a 60 dias, o que é uma vantagem para o agricultor, que terá o produto antes dos demais, podendo conseguir um preço melhor. Além disso, o cultivar tem produção estendida até novembro/dezembro. O novo morango é destinado para as regiões Sudeste e Sul do País, com potencial produtivo em torno de 1,2 quilo/ planta.
No evento em Holambra, estão duas novas variedades de cenoura para períodos do ano que hoje há queda na produção. A Embrapa Hortaliças, sediada em Brasília (DF), lança nesta quinta-feira (22), na Hortitec, a variedade BRS Carmela, destinada para produção no período de chuvas, que é o final de primavera e verão. De acordo com Henrique Carvalho, analista da empresa, ela tem a mesma produtividade das demais variedades, em torno de 60 toneladas por hectare, e estará disponível para plantio já este ano. Os principais Estados produtores são Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Outro lançamento no Brasil é a semente de cenoura de inverno, que já é comercializada em mais de 20 países. “Este novo híbrido destaca-se pela sua alta adaptabilidade e estabilidade de produção”, segundo o gerente de Vendas da multinacional produtora, Golmar Beppler Neto. Uma novidade para o produtor rural é um portaenxerto para tomate pioneiro para a enxertia de campo aberto. Ele permite transplantar a copa de uma variedade com as qualidades que atendem a cadeia produtiva para as raízes de outra variedade, que são mais resistentes às doenças do solo.
Reflexos
Novidades como essas têm potencial para impactar diretamente no mercado de alimentos no País, seja com aumento da oferta ou ajudar a manter a estabilidade dos preços, refletindo no bolso do consumidor. Além disso, influenciam um segmento com grande importância para a economia, apesar de haver ainda muita informalidade.
Porém, os setores mais profissionalizados apresentam números significativos.
De janeiro até maio deste ano, o volume total de frutas enviado ao exterior foi de 420,3 mil toneladas, aumento em 3,61% em relação ao mesmo período de 2022, aponta o Boletim Hortigranjeiro deste mês elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. De acordo com ela, as exportações nos primeiros cinco meses geraram um faturamento de US$ 453,3 milhões (R$ 2,16 bilhões), aumento de 18,1% na mesma comparação com o mesmo período no ano passado.
Entre as frutas mais comercializadas para o exterior estão melão, limão/lima, manga, banana, mamão, abacate e uva. O relatório da Conab aponta que somente no mês passado as Centrais de Abastecimento (Ceasas) analisadas comercializaram em torno de 425 mil toneladas de hortaliças, aumento de 11,8% em relação a abril e aumento de 3,3% quando comparado ao mesmo mês de 2022.
O potencial do mercado pode ser medido até pelos R$ 400 milhões em negócios que a Hortitec espera movimentar este ano. O montante é nos três dias e no período pós-evento, três a quatro meses posteriores, que é fase de maturação dos negócios, e representa aumento de 35% em relação aos R$ 296,3 milhões alcançado em 2022.
A alta é em virtude da volta do evento presencial sem restrições, com a interatividade gerando oportunidades além das procuradas inicialmente pelo visitante, de acordo com os organizadores.
“O encontro ou o reencontro com um colega de mercado, uma troca de informação ou de experiência, oportunidades para sanar dúvidas junto aos expositores sobre inovações, produtos e tecnologias são vantagens que só acontecem nos encontros presenciais, pois dão maior segurança aos produtores e profissionais do agro para investirem no futuro dos seus negócios”, afirmou diretor geral da feira, Renato Opitz. A Hortitec, que conta com 490 expositores do Brasil e do exterior, começou na quarta-feira (21) e vai até sexta-feira (23), no Pavilhão de Exposições da Expoflora, em Holambra, com a expectativa de receber em torno de 32 mil visitantes.
O evento reúne produtores, profissionais do setor e representantes institucionais de toda a cadeia produtiva. O público visitante é formado por produtores de flores, frutas, hortaliças e florestais, além de profissionais do setor. Além da exposição, ocorrem painéis de debates sobre os desafios do setor, como a rastreabilidade dos produtos hortifruti que começou a ser implantada há quase quatro anos, que ainda representa um obstáculo para muitos produtores.
O sistema permite identificar a origem e destino de vegetais frescos, como frutas, verduras, legumes, raízes, tubérculos e hortaliças vendidos in natura. A proposta é disponibilizar dados como saber quem produziu, o que, quando, como e para quem vendeu. A rastreabilidade é uma prática de segurança sanitária usada em vários segmentos da produção rural e indústria de alimentos, através da qual é possível detectar lotes com problemas e retirá-los de circulação. No evento, são apresentadas tecnologias e métodos que podem contribuir para se adequar as exigências do mercado, além de permitir o controle de perdas no transporte e armazenamento.