06/04/11 11h27

Hooters revê modelo de expansão

Valor Econômico

A rede americana de lanchonetes Hooters vai testar no Brasil um modelo de negócios inédito. Dona de 600 pontos de venda no mundo, cerca de 200 deles próprios, a empresa decidiu adotar uma plataforma diferente de expansão no país. Em vez de franqueados, terá sócios-proprietários, que investirão aproximadamente R$ 500 mil (US$ 312,5 mil) por loja, e terão como retorno uma retirada fixa de R$ 5 mil (US$ 3,1 mil) por mês, somada a 10% do lucro do negócio.

Do próprio bolso, a rede americana pretende investir R$ 30 milhões (US$ 18,8 milhões) para abrir 15 lojas até o fim de 2014. É a segunda investida da Hooters no Brasil, onde desembarcou em 2002. Durante oito anos, a marca não teve sucesso: ficou restrita a uma única loja no bairro de Santo Amaro, zona sul da capital paulista. "O ponto era muito ruim", justifica Marcel Gholmieh, presidente da Hooters no Brasil. Há um ano, Gholmieh se tornou sócio do antigo masterfranqueado da marca no país, o empresário Antônio Carlos Guimarães, que acabou deixando o negócio. Gholmieh então fechou o ponto de Santo Amaro, abriu em novembro uma nova loja na Vila Olímpia, também na zona sul de São Paulo, e refez os planos de expansão com a Hooters mundial.

"A empresa percebeu que os seus melhores resultados vinham de lojas próprias e decidiu testar um modelo misto no país", diz Gholmieh. Segundo o empresário, em apenas cinco meses, a unidade brasileira da Hooters se tornou a terceira de melhor resultado no mundo, depois de Tóquio e Cidade de Cingapura, com faturamento de R$ 750 mil (US$ 468,8 mil) ao mês. "Vamos lançar o serviço de delivery este mês e, com isso, esperamos ultrapassar Tóquio, que vende cerca de R$ 900 mil (US$ 562,5 mil) mensais", afirma.

As cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 foram as escolhidas para receber as novas lojas da rede americana. Como uma empresa familiar, de capital fechado e sediada em Atlanta, a Hooters não tinha ideia do potencial de consumo brasileiro, segundo Gholmieh. "Eu expliquei a eles o que era Copa do Mundo e o que isso representa para o país", diz o empresário, que também tem como alvo as cidades de Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) e Goiânia (GO). Este ano, devem ser abertas lojas em Barueri (SP), São Paulo e Rio.

A rede fatura cerca de R$ 1,3 bilhão (US$ 812,5 milhões) no mundo e quer atingir R$ 20 milhões (US$ 12,5 milhões) no país este ano. Para 2014, planeja chegar aos R$ 100 milhões (US$ 62,5 milhões) em vendas. No país, tem como carro-chefe as asas de frango fritas ("chicken wings") e o seu maior concorrente é a rede também americana Outback. O grande diferencial da Hooters, diz Gholmieh, são as belas garçonetes, que atendem o público de patins, vestidas com um uniforme sensual. Não por acaso, os homens são 65% do público. O empresário afirma que não se trata de uma postura sexista da rede. "Talvez as esposas e namoradas fiquem um pouco enciumadas, mas logo percebem que não tem nada a ver e que o ambiente é familiar".