Honda vai fabricar carro em Itirapina e para em Sumaré
Valor EconômicoA Honda anunciou ontem que a segunda fábrica construída no Brasil, há dois anos e meio, vai finalmente entrar em operação. A notícia será motivo de alegria para o povo da pequena Itirapina (SP), onde fica o empreendimento, mas de tristeza para a população de Sumaré (SP), onde há 20 anos funciona a primeira linha de veículos da montadora no país.
Sumaré deixará de produzir veículos quando Itirapina começar a funcionar.
A cautela, uma marca da cultura oriental, sempre traçou estratégias na Honda. Por isso, a decisão da montadora, há cinco anos, de construir a segunda fábrica de carros no Brasil, soou como um sinal de que a explosão de vendas de veículos no país, registrada naquele ano, não tinha volta.
Para a direção da Honda, com participação de 6,3% nas vendas de automóveis e comerciais leves no país este ano, a recuperação do mercado brasileiro não justifica, ainda, ter duas fábricas de automóveis no país. Mas como a segunda foi erguida seguindo padrões de manufatura mais eficientes a decisão foi, a partir de 2019, gradativamente transferir para lá as linhas de produção de veículos que estão em Sumaré.
Uma distância de cerca de 120 quilômetros separa as duas fábricas e a decisão anunciada ontem inclui a mudança de dois terços dos 3 mil funcionários, segundo o presidente da Honda na América do Sul, Issao Mizoguchi.
Isso não significa, no entanto, o fechamento da unidade de Sumaré. Um terço do efetivo vai permanecer na unidade, que continuará a produzir motores e componentes.
O clima de euforia no mercado brasileiro de veículos começava a esfriar quando Mizoguchi assumiu o comando da Honda na América do Sul, em 2014. A operação inclui uma fábrica na Argentina. Na Honda desde 1985, esse engenheiro brasileiro trabalhou na fábrica de motocicletas da marca em Manaus durante 25 anos.
Desde o momento em que a companhia decidiu que não ia sequer inaugurar a fábrica em Itirapina Mizoguchi passou a ter de lidar com o constrangimento de conversas em torno do futuro daquela "fábrica fantasma". A resposta era sempre a mesma: enquanto o mercado não der sinais de melhora firme, as portas continuariam fechadas.
"Mas agora pensamos: se podemos ser mais produtivos por que não usar Itirapina, que foi construída com processos mais modernos?", destaca o executivo.
Nos planos da Honda, o processo de transferência será concluído até 2021. Se até lá as coisas melhorarem e a recuperação das vendas exigir uma expansão produtiva a direção da montadora vai, então, estudar a melhor alternativa, segundo Mizoguchi: uma opção seria voltar a utilizar Sumaré. Ou, então, expandir a capacidade de Itirapina.