17/04/12 13h00

Hillary Clinton oferece à Petrobras parceria no pré-sal

Valor Econômico

Os Estados Unidos querem aumentar a participação na exploração do petróleo brasileiro nas camadas do pré-sal e veem possibilidades de transformar o Brasil em um polo de fabricação de equipamentos e componentes para a indústria de óleo e gás e de mineração, segundo informaram ao governo brasileiro autoridades americanas que acompanham a secretária de Estado, Hillary Clinton, em visita ao país. A própria Hillary teve uma reunião, ontem de manhã, com a presidente da Petrobras, Graça Foster, com quem, por meia hora, falou sobre a cooperação entre os dois países.
 
"Fiquei muito contente em encontrar Graça Foster, a presidente da Petrobras, e discutir esse futuro fabuloso que está diante do Brasil devido às jazidas de petróleo do pré-sal", relatou Hillary, logo depois do encontro, em uma reunião com empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o presidente da seção brasileira da Câmara Americana de Comércio, Gabriel Rico, o Brasil reúne condições de atrair investimentos de firmas dos EUA para produção de equipamentos voltados às cadeias de óleo e gás e de mineração de todo o continente sul-americano. "É grande o interesse".
 
Um dos temas que o governo americano já vem discutindo com as autoridades brasileiras e dirigentes da Petrobras é a prevenção e redução de danos de acidentes com a exploração de petróleo em alto mar. O secretário de Interior dos Estados Unidos, Kenneth Salazar, revelou que um dos temas da conversa com Graça Foster foi a "importância de compartilharmos informação e conhecimento entre os dois países", não só na exploração de petróleo em águas profundas mas ao lidar com acidentes, comuns nessa indústria.
 
"Hoje, setenta por cento de nosso petróleo vem de águas profundas, olhamos com muito interesse o pré-sal no Brasil", disse Salazar, ao lembrar que, há apenas 20 anos, o óleo em águas profunda representava 10% da produção doméstica nos EUA. O secretário citou o acidente em uma plataforma da British Petroleum, no golfo do México, em 2010, que provocou a maior catástrofe ecológica da história dos EUA. "Estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que não aconteça de novo, em outros lugares", comentou, defendendo parceria entre os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama, para garantir segurança ambiental nos oceanos.
 
Hillary e Salazar citaram também a cooperação dos dois países em biocombustíveis - o secretário do Interior disse que sentia "inveja" do avanço brasileiro no setor". Na palestra aos empresários na CNI, em que Salazar falou da meta de Obama de transformar os EUA no principal destino turístico mundial, convocando brasileiros a conhecer outros destinos além de Miami, Nova York e Las Vegas, o secretário e Hillary repetiram referências elogiosas ao Brasil.
 
A secretária enfatizou a importância do país para os interesses econômicos dos EUA, mas comentou, porém, que via a necessidade de enfrentar "problemas" como a ausência de acordos contra bitributação e de proteção a investimentos. Chegou a acenar com uma discussão, "no futuro", de um acordo de livre comércio.
 
Após encontro, à tarde, com o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, Hillary Clinton, provocada em relação às restrições do governo americano em relação à atuação do Brasil nas Nações Unidas, disse acreditar que, no futuro, após uma necessária reforma na Organização das Nações Unidas, "será difícil imaginar um Conselho de Segurança sem a presença do Brasil".
 
A pedido de jornalistas, ela voltou a comentar a conversa com a presidente da Petrobras, a quem elogiou pelo conhecimento e visão pragmática. Hillary ofereceu apoio dos EUA para o que a Petrobras precisar. "Temos conhecimento especializado, tenologia, abordagens inovadoras e poderemos nos associar à Petrobras dentro das condições estabelecidas pelo governo."
 
Ela minimizou os problemas enfrentado pela Chevron, ameaçada de punições severas devido ao vazamento no litoral brasileiro. "Há problemas na perfuração em águas profundas, sabemos como esse campo é desafiador", comentou, saudando o diálogo "muito prático" mantido com a Petrobras e o governo brasileiro.