22/11/10 14h33

Gyotoku fecha plano de reestruturação

Valor Econômico

Em uma área de forte presença industrial na cidade de Suzano (SP), a fábrica de 72 mil metros quadrados da Cerâmica Gyotoku se destaca na avenida pelas placas que indicam o show room da empresa. Logo na entrada da unidade, os produtos são expostos, abrindo espaço para a área administrativa e um refeitório de cores claras, que acaba de ser reformado. Marcos Sardas, consultor que atualmente comanda a empresa, é o responsável pelo novo modelo de negócios da companhia, combalida durante a crise. As reformas propostas por ele envolvem desde a melhora da credibilidade interna, até mudanças no mix de produtos da companhia. No processo de redefinição da estratégia, ficou decidido que haveria uma redução do portfólio e da produção da empresa, além do corte de cerca de 200 funcionários.

Nos últimos meses, a Gyotoku, que produz pisos, porcelanatos e revestimentos, passou a focar em produtos diferenciados, de maior valor agregado, que trazem maior margem às vendas da empresa. Deste modo, há agora uma menor ênfase na produção de pisos voltados para as classes de baixa renda, por exemplo. O portfólio da companhia, que antes apresentava mais de mil tipos de produtos, foi enxugado em mais de 300 itens. Os efeitos da reestruturação na produção também foram fortes: depois do pedido de recuperação, houve uma redução de 20% a 25% da produção da companhia, para cerca de 1 milhão de metros quadrados por mês. As duas unidades fabris da Gyotoku - Suzano e Estiva Gerbi, ambas em São Paulo - têm juntas capacidade produtiva mensal de 1,6 milhão de metros quadrados.

Em seu plano de recuperação, que ainda deverá passar pela aprovação dos credores em assembleia no início do ano que vem, a companhia pede 18 anos para pagar a dívida - no total de R$ 220 milhões (US$ 129,4 milhões), sendo metade com bancos -, com 2 anos de carência. Segundo ele, o pagamento da dívida está atrelado ao faturamento da empresa, o que pode fazer com que ela seja quitada antes do prazo previsto. Com o plano estratégico e de pagamento aos credores em mãos, Sardas afirma que a empresa tem conseguido reconquistar a credibilidade no mercado. Segundo ele, os fornecedores e prestadores de serviços que, logo após o pedido de recuperação só aceitavam pagamentos à vista, agora já começaram a permitir os pagamentos a prazo. Hoje com cerca de 750 funcionários, a empresa prevê que deverá recomeçar as contratações em 2011.

Os resultados da reestruturação já começaram a ser sentidos em outubro, quando, segundo Sardas, a empresa apresentou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ligeiramente positivo. Para este ano completo, o Ebitda da empresa deve ficar próximo de zero, enquanto o faturamento vai alcançar R$ 210 milhões (US$ 123,5 milhões), ante o total de R$ 265 milhões (US$ 137,3 milhões) registrados em 2009. Para 2011, as projeções de Sardas apontam para R$ 270 milhões (US$ 158,8 milhões) de faturamento, com Ebtida na faixa de R$ 20 milhões (US$ 11,8 milhões) a R$ 25 milhões (US$ 14,7 milhões). De acordo com o executivo, a partir de abril, a empresa deve começar a retomar os níveis de produção anteriores ao pedido de recuperação.