23/04/10 15h20

GVT aprova reforço de investimento em infraestrutura

Valor Econômico

A GVT se prepara para um grande salto de investimentos. A reunião do conselho de administração realizada ontem aprovou um aporte adicional de R$ 200 milhões (US$ 111 milhões) que, somados aos investimentos previstos para este ano, totalizam R$ 1,1 bilhão (US$ 611 milhões) até dezembro. Esse reforço de caixa vai permitir a expansão da infraestrutura em 12 cidades adicionais e preparar a companhia para os novos serviços. Está prevista a oferta de telefonia fixa e banda larga residencial em São Paulo e serviços de TV paga em todo o Brasil a partir de 2011.

No segundo semestre, a GVT inicia a venda de conteúdo de jogos da Activision Blizzard (empresa do grupo Vivendi) e música da Universal para clientes de banda larga. A telefonia móvel não faz parte das prioridades neste ano: a empresa não vai participar do leilão da banda H (frequências para a telefonia móvel de terceira geração). "Estamos conversando com duas operadoras para uma parceria de serviços da GVT na plataforma móvel, sem a nossa marca", diz Amos Genish, presidente da companhia. Esse acordo pode evoluir para a modalidade de operadora móvel virtual (MVNO), quando a Anatel aprovar o regulamento. Segundo o executivo, há muita concorrência na telefonia móvel e pouca na TV paga, segmento no qual a empresa planeja ingressar em 2011.

A empresa continua investindo em fibras ópticas para chegar ao cliente - a chamada última milha - com a construção de rede nas 12 novas cidades planejadas para 2010, que se somam às 89 onde já está presente. "Fazemos um esforço conjunto com a Vivo, Claro e Embratel para a construção de um backbone (rede principal) onde não temos infraestrutura. Mas nossa estratégia é contar com rede própria e ser proprietário dos ativos. Nosso balanço está forte", afirma Genish.

Para apressar o lançamento de serviços de TV paga, sem ter que esperar a aprovação do Projeto de Lei 29 (que regulamenta a oferta de conteúdo pelas empresas de telecomunicações), a operadora estuda dois modelos de negócio. Um deles é a oferta de conteúdo por meio de banda larga de alta velocidade com vídeo sob demanda (biblioteca de filmes que os clientes poderão baixar em na TV). O outro é oferecer TV via satélite para "broadcasting" (com grade de programação, similar à TV aberta). "Nossa oferta contempla o modelo híbrido, com duas tecnologias, até a regulamentação da IPTV (TV por internet)", diz Genish. Esses novos serviços, segundo o executivo, são possíveis porque grande parte dos clientes da GVT já contratam banda larga de alta velocidade. O uso de velocidades de 10 megabits por segundo (Mbps) e acima disso atingiu 45% da base de clientes da companhia no fim de março ante 9% no mesmo período do ano passado.

Genish é um entusiasta do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que está em estudos no governo para universalizar o serviço no país. Mas ressalva que para o serviço chegar mais rápido ao maior número possível de pessoas será necessário o auxílio das empresas privadas. Na opinião do executivo, a participação das empresas privadas que já têm acesso ao cliente na última milha e contam com sistemas eficientes de cobrança é fundamental para o governo atingir a meta de massificar a banda larga.

O reforço dos investimentos aprovados pelo conselho se deve aos bons resultados obtidos pela GVT no primeiro trimestre. A receita líquida cresceu 35,5%, atingindo R$ 513 milhões (US$ 285 milhões), e houve um acréscimo de 301 mil assinantes à base de clientes, totalizando 3,1 milhões de linhas em serviço. A taxa de perda de clientes caiu 30%. O percentual de receita gerada pelas cidades fora da área original de atuação (Sul, Centro-Oeste e parte do Norte) saltou de 15,4% ao fim de março de 2009 para 25,2% em março deste ano. A implantação em novas cidades do Nordeste - Fortaleza (CE), João Pessoa e Campina Grande (PB) - consumiu investimento de R$ 95,1 milhões (US$ 52,8 milhões). O lucro líquido foi de R$ 60,4 milhões (US$ 33,6 milhões) no trimestre, resultado 132% maior ante o do ano passado. A empresa prevê um crescimento de 29% da receita líquida em 2010.

Em março a Vivendi apresentou edital para oferta pública visando a aquisição da totalidade dos papéis da GVT, marcado para o dia 27 deste mês. Atualmente cerca de 13% das ações estão em circulação no mercado. Caso o quorum de aceitação seja de dois terços, a CVM vai cancelar o registro de companhia aberta da GVT que passa a divulgar seus resultados em conjunto com a Vivendi.