GSK planeja dobrar de tamanho no Brasil em cinco anos
valor econômicoSexta maior farmacêutica mundial, a britânica GlaxoSmithKline (GSK) viu seus negócios dobrarem de tamanho no Brasil nos últimos cinco anos, ao redirecionar a estratégia para o crescimento via ganho de escala, mesmo que isso significasse redução das margens de lucro. Agora, consolidada na terceira posição do ranking brasileiro de laboratórios considerando-se também as vendas ao governo, a GSK quer de novo duplicar em cinco anos seu faturamento no país, que está em R$ 3 bilhões por ano.
A fórmula de acesso ao porte pretendido, de acordo com o presidente da GSK para a América Latina e Caribe, Cesar Rengifo, deve conter os mesmos ingredientes que impulsionaram o negócio nos últimos anos: escala e inovação. "Somos uma companhia de inovação. Mas também apostamos em volume, porque inovação sem acesso não permite à empresa desempenhar seu papel social", diz o executivo.
Nos últimos cinco anos, houve ainda uma parcela de crescimento inorgânico, decorrente de aquisições como a da americana Stiefel, em 2009, e, mais recentemente, da troca de ativos com a Novartis. Ao mesmo tempo em que assumiu o negócio de vacinas da Novartis, a GSK entregou seu portfólio de oncologia ao laboratório suíço e as duas empresas acertaram uma joint venture que combinou a área de consumo de ambas. A operação foi concluída no início deste ano.
Nas instalações brasileiras, o modelo de negócios sustentado por volume e inovação levou à execução de investimentos de cerca de R$ 200 milhões nas fábricas de Guarulhos (SP) e Jacarepaguá (RJ). Agora, mais R$ 130 milhões devem ser aplicados na modernização das unidades e a farmacêutica decidiu erguer novo centro de distribuição no país, com desembolso que deve girar em torno de R$ 30 milhões. "Estamos avaliando quando dar o pontapé nesse projeto", diz.
Ao abrir mão de margens, explica Rengifo, a GSK, que é dona de marcas como Sensodyne (creme dental), Sonrisal (antiácido) e Clavulin (antibiótico), teve de redobrar os esforços em busca de eficiência e de expansão no volume de vendas. Essa estratégia não incluiu uma possível incursão do laboratório no mercado de medicamentos genéricos. "O modelo de negócios de genéricos está baseado em ganhos de escala na produção. Além disso, a GSK tem foco em inovação", explica o executivo.
Em busca dessas moléculas inovadoras, a GSK anunciou no dia 17 de novembro uma nova fase da parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio da criação de dois novos Centros de Excelência em Pesquisa, selecionados a partir de chamadas públicas.
O primeiro deles, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), será dedicado ao desenvolvimento de novas tecnologias na área de química sustentável, que poderão ser aplicadas por diferentes indústrias e não apenas a farmacêutica - a própria GSK tem como meta chegar a 2030 como companhia neutra em termos de impacto ao meio ambiente.
O segundo, no Instituto Butantan, será voltado à validação de moléculas que possibilitem a criação de novos fármacos para doenças de base inflamatória, metabólicas e neurodegenerativas. As pesquisas envolverão o estudo de venenos, secreções animais, toxinas purificadas
Para criação e manutenção dos centros, os investimentos alcançarão R$ 88,4 milhões, dos quais R$ 34,6 milhões aportados pela farmacêutica e pela Fapesp. A diferença será desembolsada pela universidade e pelo Butantan. Na primeira fase da parceria, R$ 20 milhões já haviam sido investidos pelo laboratório.
Ao expandir parcerias locais, conta o chefe de pesquisas básicas da farmacêutica para países emergentes e diretor do programa "Trust in Science", Isro Gloger, a GSK reforça o objetivo de ter um modelo completo de inovação no país. "Esses são investimentos de alto risco, com ciclos de 20 anos ou mais. E o resultado da pesquisa é do cientista", explica.
Em 2014, as vendas da GSK alcançaram 23 bilhões de libras esterlinas, das quais 1 bilhão de libras esterlinas geradas na América Latina.