03/05/10 11h10

Grupo Ultra busca expansão no exterior

Valor Econômico

O grupo Ultra vai intensificar este ano seu movimento de internacionalização. Conglomerado que reúne ativos na área de distribuição de combustíveis (Ultragaz/Ipiranga), químicos (Oxiteno) e de logística (Ultracargo), sob o guarda-chuva da holding Ultrapar Participações, a companhia investiu nos últimos dez anos cerca de R$ 8 bilhões (US$ 4,4 bilhões), metade dos quais em aquisições. Agora, com sua base mais do que consolidada no país, a estratégia de crescimento do grupo será na compra de ativos fora do Brasil para expandir seus negócios em especialidades químicas e gás. No mercado interno, o Ultra trabalha para elevar sua participação em distribuição de combustíveis para não perder participação.

Nesses últimos dez anos, o grupo Ultra protagonizou movimentos importantes de consolidação, tornando-se um dos maiores do país. A aquisição da Ipiranga colocou a companhia na vice-liderança em distribuição de combustíveis no país, os ativos de gás que pertenciam à Shell, comprados pelo Ultra, fortaleceram a posição de liderança da companhia nesse segmento, e a incorporação da União Terminais permitiu maior robustez em logística, só para citar alguns exemplos. Os próximos passos serão igualmente ambiciosos. "Buscamos aquisições de maneira metódica e cautelosa no exterior", afirmou Paulo Cunha, presidente do conselho de administração da companhia e um dos acionistas do grupo.

Em seu plano de internacionalização, a companhia vai focar, sobretudo, em ativos para crescer em especialidades químicas e em gás. Por meio da Oxiteno, divisão química do Ultra, a empresa possui unidades no México e Venezuela. Essas fábricas são produtoras de especialidades químicas. "Saímos de commodities. Nosso interesse não é em especialidade química em geral, mas em tensoativos. Somos muito bons nisso. São produtos utilizados em várias aplicações, como detergentes, alimentos, têxteis, agrícola e até em formulação de cosmético. O grupo também deverá negociar compra de ativos no setor de gás. Nesse caso, a busca será feita na América Latina e Europa. Cunha não estipula prazo, diz que deve ser o mais rápido possível. Líder em distribuição de GLP (gás de cozinha), por meio da Ultragaz, a companhia quer ampliar sua presença em outros mercados.

No mercado interno, a companhia não se sente em zona de conforto. Em distribuição de combustíveis, na posição de vice-líder, o Ultra vai continuar avaliando ativos para se distanciar de seus principais concorrentes. Hoje está atrás da BR Distribuidora (Petrobras), mas desde fevereiro sente sua vice-liderança ameaçada, com o passo dado pela Shell, que se aliou ao grupo Cosan. O crescimento nesse segmento se dará por aquisições de empresas pequenas e médias, avanço sobre bandeira branca em regiões no Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O grupo Ultra tem programado para este ano investimentos de R$ 800 milhões (US$ 444 milhões) no Brasil, valor que não contempla aquisições. Esse aporte será para promover o crescimento orgânico.