17/08/10 17h15

Grupo São Martinho retoma investimentos em SP

Valor Econômico – 17/08/10

Em processo de associação com a Petrobras Biocombustíveis para produção de etanol no Centro-Oeste, o grupo São Martinho sinaliza que aportes para as unidades sucroalcooleiras de São Paulo estão de volta. A companhia aprovou investimento de R$ 173 milhões (US$ 98,9 milhões) no maior projeto de cogeração de energia com bagaço de cana implantado até agora pela empresa. Os investimentos serão feitos na maior usina do grupo, a São Martinho, de Pradópolis (SP), para que a unidade gere 244 mil megawatts/hora de energia a partir da safra 2013/14. "O potencial dessa usina é para 600 mil megawatts/hora", diz Fábio Venturelli, presidente da São Martinho.

Ontem o grupo também divulgou resultados referentes ao primeiro trimestre da safra 2010/11, período que vai do início de abril até 30 de junho. A companhia teve lucro líquido 20% menor, de R$ 22,9 milhões (US$ 13,1 milhões). No entanto, uma receita líquida 31% maior, de R$ 285,4 milhões (US$ 163,1 milhões), e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) 168% superior, de R$ 118,4 milhões (US$ 67,7 milhões). "Registramos uma margem lajida recorde, de 41,5%, ante 20,3% de igual trimestre do ano passado. Trata-se de um recorde não somente para a São Martinho, mas, acredito, para todo o setor", diz.

Os preços do açúcar vendidos pela companhia foram 34% maiores e os do etanol, 27% superiores aos do primeiro trimestre da safra passada. No entanto, o diferencial, segundo Venturelli, foi que o volume maior de cana própria processada potencializou as margens. Na média, a cana própria representa 60% da moagem da companhia, percentual que foi de 75% no primeiro trimestre desta temporada. A combinação entre o crescimento da geração de caixa e o impacto positivo do câmbio na dívida em dólar da empresa contribuiu para reduzir a dívida líquida para 1,9 vez o lajida, ante a relação de 4,2 vezes registrada ao fim de igual trimestre de 2009.

No entanto, uma situação mais confortável de endividamento deve vir com a associação da Petrobras, em curso, na Nova Fronteira, empresa criada para investimento em etanol no Centro-Oeste e que deve absorver metade da dívida da São Martinho, abrindo espaço para mais investimentos em São Paulo. Espera-se que os aportes em cogeração avancem, tais como os de suas concorrentes. Atualmente, as usinas da companhia geram apenas 110 mil MWh.

Também parceira da Petrobras, a Açúcar Guarani, controlada pela Tereos Internacional, anunciou neste ano projeto para gerar 693 mil megawatts hora (MWh) por ano, elevando sua capacidade instalada para 900 mil MWh nos próximos dois anos. A Cosan, maior empresa do setor, também toca desde 2005 um projeto já em fase final para atingir uma produção de 2,5 mil MW/h.