Grupo Safran mira mercado brasileiro
Valor EconômicoO mercado de defesa brasileiro se tornou estratégico para os planos de expansão do grupo francês Safran, um dos maiores conglomerados dos setores aeroespacial e de defesa e segurança do mundo. Embora o cenário atual não seja dos mais promissores para esses segmentos no Brasil, devido às restrições orçamentárias, o vice-presidente do grupo na América Latina, Olivier Piepsz, disse que a meta é dobrar seu faturamento no país e chegar a US$ 1 bilhão em cinco anos.
"A nossa visão para o Brasil é de longo prazo e não da conjuntura do momento. Queremos fazer o desenvolvimento conjunto de programas, o que inclui compartilhamento de tecnologia", afirmou. Em cinco anos, segundo ele, o grupo aposta que novos projetos irão permitir ao grupo dobrar o quadro de funcionários no Brasil, hoje em torno de mil pessoas.
O grupo Safran emprega 70 mil pessoas no mundo. Em 2014 registrou uma receita de € 15,4 bilhões, sendo que € 2 bilhões foram aplicados em pesquisa e desenvolvimento. Desde 2010, a companhia já investiu cerca de R$ 200 milhões no Brasil, onde está presente há mais de 40 anos. O aumento de sua participação em projetos de grande impacto tecnológico fez a Safran a ampliar sua presença local.
A partir daqui a divisão de motores Turbomeca coordena as atividades de manutenção de motores de cerca de 1.500 helicópteros na América Central. A empresa também vai fabricar no país os motores de helicópteros H225M que a Helibras monta para as Forças Armadas Brasileiras.
As oficinas de reparo da Turbomeca, localizadas em Xerém (RJ), têm a responsabilidade pelo suporte (reparo e revisão) da frota de helicópteros com motores da marca francesa na América do Sul.
A Sagem no Brasil, outra empresa do grupo Safran, vai produzir no país os pilotos automáticos dos helicópteros Pantera K2, que estão sendo modernizados na fábrica da Helibras em Itajubá e são operados pela Aviação do Exército. A Sagem já é parceira da Helibras na produção do sistema de piloto automático para o H225M. Pelo acordo, os próximos helicópteros modernizados receberão os componentes fabricados no Brasil por meio de transferência de tecnologia da matriz francesa.
A Sagem possui ainda uma unidade industrial em São José dos Campos, a Optovac, empresa especializada em optrônica e sistemas aviônicos, que adquiriu em 2012. Responde por integração dos sistemas de controle de voo dos helicópteros H225M montados para as Forças Armadas.
Nos últimos dois anos, a Safran também ampliou as suas atividades de engenharia no Brasil. Instalou um escritório da Safran Aeronáutica em São José dos Campos para cuidar dos projetos desenvolvidos para Embraer e Helibras. "Vemos ainda a possibilidade de contribuir no futuro no programa de desenvolvimento e produção do caça Gripen NG da FAB", disse.
Com quatro empresas - Sagem Defesa e Segurança, Hispano-Suiza, Messier-Bugatti-Dowty e Technofan -, a Safran participa do desenvolvimento do KC-390, fornecendo respectivamente o atuador da empenagem horizontal, o sistema elétrico de geração de energia, freios, rodas e sistemas de controle, além do sistema de ventilação. Também é parceiro da Embraer em outras aeronaves, como os jatos executivos Phenom, E-Jets 170/190 e E-175, como também os Super Tucanos (geradores elétricos).
Outra área de negócio da Safran no país vem das operações da Morpho, que tem fábrica em Taubaté (SP), com 700 empregados. Faz cartões bancários inteligentes, sistemas de identificação biométrica e sistemas de identificação de explosivos em aeroportos.