25/03/11 11h48

Grupo Pão de Açúcar planeja elevar venda de orgânicos

Valor Econômico

De toda a venda da área de frutas, legumes e verduras (FLV) do Grupo Pão de Açúcar em 2010, o segmento de produtos orgânicos representou apenas 2%. Para o maior varejista de alimentos do país, cujas vendas na categoria somaram R$ 1,5 bilhão (US$ 882,4 milhões) no ano passado, a participação é tímida demais. Para o grupo, é possível fazer com que os orgânicos conquistem uma fatia de pelo menos 10% nas vendas totais da categoria de FVL até 2014. "Em uma bandeira como a Pão de Açúcar, em que trabalhamos com produtos premium, os orgânicos podem responder por 20% da venda de FLV, na mesma média dos países europeus", diz Leonardo Miyao, diretor da área de frutas, verduras e legumes do grupo, que vende 3 mil toneladas desses produtos por dia no país.

A companhia, dona das bandeiras Pão de Açúcar, CompreBem, Sendas e Extra, está disposta a dar um novo fôlego ao mercado de orgânicos. Este ano, mapeou os principais produtores do país, que somam cerca de 300. Desses, um pouco mais de 100 são fornecedores do grupo. "Agora, começamos uma segunda fase do programa, em que esses produtos vão passar às centrais de distribuição, responsável por separar os itens e enviá-los às lojas", diz Miyao. Até hoje, esse procedimento era feito por terceiros. Com isso, o grupo aumenta o controle sobre os orgânicos: está implantando o programa Qualidade desde a Origem, já adotado com os cerca de 800 fornecedores de FLV convencionais. Trata-se de um programa de rastreabilidade, em que o grupo exige certificação de qualidade dos itens e controla por conta própria indicadores como o teor e a existência de agrotóxicos.

Os orgânicos oferecem hoje uma margem de lucro de 15%, contra 25% dos produtos convencionais, diz Miyao. Isso acontece porque há muitos intermediários entre o processo quase artesanal da produção de orgânicos e a chegada do item à loja, o que aumenta o preço do produto para a rede, que fica impedida de trabalhar com margens maiores para não inviabilizar a venda. Com o aumento do controle, o Pão de Açúcar avalia que haverá maior oferta de orgânicos nas lojas. "Com mais planejamento, poderemos trabalhar para que o preço ao consumidor final seja reduzido e nossa margem seja maior", afirma o executivo.

A aposta na seara dos hortifruti não termina por aí. Há o interesse de fornecer cada vez mais produtos processados (frutas já descascadas e cortadas, folhas pré-lavadas, legumes picados, por exemplo). "A margem de lucro desse segmento é de 30%", diz Miyao. A crescente demanda respondeu em parte pelo aumento das vendas de FLV em 2010, que foi de 13%. Outra aposta da empresa na área se concentra na diversificação de produtos, para oferecer itens de maior valor agregado. Há três anos, o Pão de Açúcar encomendou à produtora Sakata uma variedade mais doce de tomate. A parceria vai se repetir em outros produtos.