29/09/08 15h32

Grupo Noble, de Hong Kong, investe em porto, álcool e minério no Brasil

O Estado de S. Paulo - 29/09/2008

A gigante do comércio mundial Noble Group, com sede em Hong Kong, está com seus radares voltados para o Brasil. Especializada em produzir e negociar commodities - matérias-primas negociadas em bolsas de valores -, a companhia quer transformar o País em sua quinta maior operação mundial. Em todo o mundo, a Noble fatura mais de US$ 11 bilhões por ano. A empresa começou no Brasil como trading agrícola, exportando grãos. Hoje tem investimentos em logística, usinas de álcool e açúcar e mineração. Neste mês, o grupo deu mais um sinal do apetite pelo mercado brasileiro, ao iniciar a construção de um terminal no porto de Santos (SP), o primeiro da empresa no País. O empreendimento de dezenas de milhões de dólares (o valor exato não foi revelado) irá escoar mais da metade da sua produção de grãos e açúcar para China, Oriente Médio e Europa, principalmente. "O Brasil é uma de nossas prioridades em investimentos", diz Ricardo Leiman, brasileiro que está à frente das operações do grupo em Hong Kong há cinco anos. O anúncio no País é um sinal da confiança nos mercados emergentes, que têm recebido a maior parte da atenção da empresa nos últimos anos. Com capacidade para armazenar 90 mil toneladas de açúcar e 73 mil toneladas de grãos (soja ou milho), o terminal no porto de Santos entrará em operação em novembro de 2009. "Ele vai garantir mais eficiência que qualquer outro porto local. Com isso, nosso açúcar a granel será exportado com maior agilidade", afirma. O grupo entrou forte no setor de álcool e açúcar no ano passado. Comprou uma usina em Votuporanga (SP), onde quadruplicou a capacidade de produção, e iniciou a construção de outra em Meridiano (SP). Até 2011, o objetivo é chegar a uma capacidade de processamento de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. "Queremos estar entre os cinco ou dez maiores produtores nacionais de etanol em alguns anos." Além do terminal em Santos, a companhia está erguendo um terminal líquido em Itaqui (MA), para escoar a matéria-prima. A região foi escolhida por estar mais próxima dos mercados visados pelo etanol que a empresa vai produzir: Estados Unidos e Europa. Estima-se que os investimentos já realizados e em andamento no País cheguem a US$ 600 milhões - os executivos, porém, não confirmam os valores. Além de reduzir custos, a atuação integrada e a compra de ativos fixos fizeram a empresa triplicar de tamanho no País. No ano passado, o faturamento da operação brasileira chegou a uma expansão de 60%. Globalmente, a companhia cresceu 20%, com vendas de US$ 23,5 bilhões em 2007.