12/05/10 11h12

Grupo ISA vai investir US$ 1,1 bi no Brasil

Valor Econômico

Muitas razões levam o engenheiro civil Luis Fernando Alarcón a deixar Medellín, na Colômbia, e voar para São Paulo periodicamente, pelo menos uma vez a cada três meses. Como presidente do grupo ISA, uma estatal de energia que é a terceira maior empresa negociada na Bolsa de Bogotá, o executivo vem ver de perto como anda o dia a dia da principal subsidiária estrangeira do grupo: a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). A CTEEP, pela qual o ISA desembolsou pouco mais de US$ 1 bilhão entre 2006 e 2007 para assumir quase 90% do capital votante, é responsável por 55% da receita consolidada do grupo, que atingiu US$ 1,62 bilhão no ano passado. A subsidiária brasileira, diz o executivo, "foi uma grata surpresa". Desde sua compra, a transmissora de energia paulista só exibe bons números e tem planos de continuar agressivamente crescendo, seja por investimentos diretos, vencendo novas licitações, seja por aquisições - mas com o pé no chão.

O resultado operacional (Lajida) da CTEEP é um exemplo de satisfação para o ISA no quesito desempenho da subsidiária brasileira. Mais que dobrou, de R$ 611 milhões (US$ 251 milhões) em 2005, para R$ 1,36 bilhão (US$ 690,4 milhões) no ano passado. "Melhor que isso foi a evolução da margem operacional: passou de 50,7% para 82,5%", comemora Alarcón, sem deixar de mencionar o expressivo crescimento do pagamento de dividendos da companhia, que quadruplicou nesse período.

Com endividamento sob controle - em torno de R$ 1,5 bilhão (US$ 857 milhões) -, a subsidiária brasileira tem pela frente um programa de investimentos de R$ 1,9 bilhão (US$ 1,1 bilhão) entre este ano e 2012. Quase metade desse valor será aplicada em 2010. Para dar suporte a esse plano, em janeiro a empresa fez uma emissão de debêntures de R$ 548 milhões (US$ 313 milhões) e poderá realizar outra operação no segundo semestre na faixa de R$ 300 milhões (US$ 171,4 milhões). Ao mesmo tempo, resgatou uma nota promissória de R$ 208 milhões (US$ 118,9 milhões).

Entre os grandes empreendimentos em curso está a linha de transmissão de energia do Rio Madeira (RO) para São Paulo, uma das maiores em construção no mundo hoje. A empresa venceu a licitação em parceria com empresas do grupo Eletrobras. Há mais projetos também em outros Estados, como uma linha de 720 km entre Tocantins e Piauí, cruzando o Maranhão. "Em mais dois anos estaremos com operações em 12 Estados brasileiros", informa Alárcon. Do pacote de investimento, cerca de R$ 800 milhões (US$ 457 milhões) vão ser destinados à chamada conta de "reforços" do parque de ativos de transmissão.

O grupo colombiano, presente em vários países da América do Sul e América Central, não almeja crescer somente no setor elétrico, observa o executivo "Queremos ser uma companhia referência em infraestrutura linear". Os novos negócios passam por redes de telecomunicações, concessões viárias e até gasodutos. O Brasil não está fora desse mapa de expansão. Segundo o executivo, o grupo já analisou oportunidades em redes de telecomunicações, que seriam utilizadas por companhias do setor, mas barrou no espectro regulatório do país. Em concessões viárias, já com obras na Colômbia e Chile, a ideia é estrear no mercado brasileiro daqui três anos. .

Com esse escopo de expansão, a meta do grupo é chegar em 2016 com receita de US$ 3,5 bilhões. Desse valor, a meta é que 80% sejam gerados fora da Colômbia (hoje são 60%) e que 20% venham de novos negócios (hoje, 8%).