Grupo indiano JK planeja investimentos no Brasil
Valor EconômicoO grupo industrial indiano JK Group planeja investir em celulose no Brasil e vê potencial importante de negócios em outros segmentos na medida em que a economia se estabilizar. JK Group, que tem plano de dobrar sua receita para US$ 8 bilhões até 2020, produz pneus, cimento, sementes genéticas, papel e planeja expandir a presença também no sudeste da Ásia e na África.
O grupo comercializa seus produtos no Brasil desde 1992, a partir de fábricas na Índia e no México. "Entendemos bem o mercado brasileiro e achamos que agora é o momento de investir", afirmou o executivo, que acompanhou em Goa a movimentação de representantes brasileiros na cúpula do Brics. "Uma equipe nossa de oito pessoas esteve recentemente viajando pelo Brasil e eu estarei lá no começo de novembro."
Segundo Chopra, no México o grupo investiu US$ 600 milhões na produção de pneus. Parte da produção é exportada ao Brasil, para montadoras como Fiat e Renault.
No Brasil, o executivo estima que gradualmente dá para investir até US$ 1 bilhão. Ele acredita que pode aumentar a presença no país na medida em que a economia voltar aos trilhos e pela complementaridade entre as duas economias.
O interesse mais imediato por celulose se justifica pela crescente demanda na Índia. Conforme o grupo indiano, no Brasil uma fábrica de papel tem acesso à matéria-prima num raio de 100 quilômetros. Na Índia, só a 600 quilômetros, uma distancia extra que vem com alto custo.
No negócio de pneus, porém, o grupo é prudente, notando que o Brasil já tem grande capacidade e o mercado sofreu forte contração nos ultimos anos. Em contrapartida, vê possibilidades na área de sementes genéticas, especialmente na região Sul.
Para o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia, Roberto Paranhos do Rio Branco, mais grupos indianos mostram disposição de investir no Brasil. "E os empresários brasileiros deveriam por sua vez redescobrir o caminho das Índias, porque há muitas oportunidades na Índia".
Adi B. Godrej, presidente do Godrej Group e ex-presidente da Confederação das Indústrias da Índia, no passado tentou comprar uma produção de cosméticos no Brasil, desistiu reclamando de questões tributárias e acabou fazendo a aquisição na Argentina.
Agora, ele disse ao Valor que "gostaria de estabelecer e expandir nossas operações em outros países do Brics". Além da Índia, seu grupo tem produção na África do Sul, entre os cinco grandes emergentes.
Na semana passada, na cúpula dos Brics, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu estímulos para os negócios e propôs se estabelecer uma meta de dobrar para US$ 500 bilhões o comércio intra-grupo até 2020.
Também presente em Goa, o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, defendeu uma agenda de negócios Brasil-Índia.
"A Índia sabe que o nosso etanol é mais eficiente para se produzir. Por outro lado, a Índia precisa de mais alimentos e tem excedente de derivados de petróleo que o Brasil precisa. Custa mais barato exportar o óleo cru para a Índia e importar o combustível deles", afirmou.