12/11/24 13h50

Grupo Ibero amplia verticalização com aquisição da Zurlo

Compra de fabricante de eixos e suspensões de Caxias do Sul ainda será avaliada pelo Cade e expectativa é que operação seja concretizada no primeiro semestre de 2025

AutoData

Em continuidade ao processo de verticalização iniciado em 2020 o Grupo Ibero, fabricante de eixos de rodagem e suspensões para implementos rodoviários sediado em Itaquaquecetuba, SP, adquiriu a Zurlo Sistemas Automotivos, operação que ainda está sujeita a aprovação do Cade. A expectativa é que esta movimentação seja concretizada no primeiro semestre do ano que vem – até lá a empresa prefere não divulgar o valor da compra.

A Zurlo também é fabricante de eixos e suspensões, mas possui outros produtos que complementam a linha do Grupo Ibero, como aparelho de levantamento mecânico, pino rei e engate de contêineres. Fundada há 37 anos em Caxias do Sul, RS, possui forte participação no mercado de reposição e expressiva fatia de exportação – justamente o que falta para a companhia, relatou em conversa exclusiva com a Agência AutoData o CEO e fundador do Grupo Ibero, Ronaldo Linero.

“Com esta aquisição o Grupo Ibero se tornará uma das empresas mais completas do segmento em termos de portfólio de produtos. Teremos toda a parte de suspensão, eixos, acessórios, reservatórios de ar, suspensor pneumático, aparelho de levantamento mecânico. Tudo o que se vê na parte de baixo de uma carreta podemos oferecer ao cliente implementador.”

A fábrica da Zurlo em Caxias do Sul emprega 160 funcionários e exporta em torno de 20% de sua produção para países da América Latina, principalmente para pequenos fabricantes de implementos e também para o aftermarket da região: “A operação complementa nosso plano de dar mais velocidade à participação do grupo no mercado de reposição e de estrear no mercado externo”.

A expectativa, com a aquisição, é ampliar o faturamento projetado para este ano, de R$ 1 bilhão, de 20% a 25% em 2025. Hoje apenas 1% da receita da companhia provém do aftermarket, o restante é gerado das fabricantes de implementos brasileiras:

“A Ibero fabrica produto direto para montadora e não tem muita peça de reposição. Atrapalha o andamento da linha a produção de um eixo de R$ 10 mil, por exemplo, se o comprador quer também uma peça de R$ 200. Dispor de unidade fora da nossa estrutura em São Paulo para se dedicar ao aftermarket, assim, tornará tudo mais viável. Sem contar que, geograficamente, estaremos mais preparados para atender ao cliente no Sul e no Sudeste”.

Desde 2020 o Grupo Ibero deu início ao seu processo de verticalização e hoje possui em seu guarda-chuva, além da Ibero System e da Ibero Parts, a Fontaine, a Sthall Master e, agora, a Zurlo. Concluída há cerca de quatro meses a compra da Sthall, que complementa a operação com a produção de acessórios para carretas, como reservatório de ar, suspensor e arco de graneleira, deverá trazer incremento de 10% ao faturamento, para o valor projetado de R$ 1 bilhão este ano.

Linero contou que o investimento realizado não só para a compra da empresa sediada em Orleans, SC, em que trabalham 144 funcionários, é de cerca de R$ 40 milhões. Até então metade do capital da Sthall Master era controlado pela Librelato e o restante, pertencia a outro sócio, cujo nome não foi divulgado, quando foi decidido que ela seria 100% adquirida pelo Ibero Group, uma vez que a companhia é especializada em peças de implemento rodoviário.

A Librelato havia tornado pública, no primeiro semestre, a compra da Sthall realizada em 2023, que agora mudou de mãos: “O negócio da Librelato é carreta e, o nosso, peças. Ela representava 90% da receita da Sthall Master e, agora, o plano é dobrar esta receita ao trazer clientes da Ibero”.

Quase a metade do faturamento do Grupo Ibero provém da Librelato

A Librelato possui participação no Grupo Ibero – o CEO preferiu não informar quanto e disse apenas que a implementadora representa 40% de seu faturamento: “Temos uma boa troca de figurinhas.” Em maio sócios da holding Librepar, criada no início de 2024, injetaram na Ibero cifra de R$ 17 milhões na aquisição de terreno em Itaquaquecetuba, a fim de ampliar o espaço de 30 mil m² para 40 mil m², e outros R$ 5 milhões na infraestrutura do local.

Como lembrou Linero tudo começou com um sócio em comum da Librelato e o Grupo Ibero, o fundo de investimentos CRP Participações. Em 2021 houve a saída da Librelato e, em 2022, o fundo deixou o Ibero, fatia que foi assumida pela implementadora.

Além de fornecer para a Librelato o Grupo Ibero abastece boa parte do mercado de eixos, exceto para Randon, Facchini e, recentemente, Guerra, que produzem seu próprio eixo – até pouco tempo atrás era a Ibero que produzia para Guerra.

“Estas três fabricantes possuem, juntas, 60% do mercado. Dos 40% que restam detemos fatia de 32 pontos porcentuais. E o plano para crescer, portanto, é incorporar novos produtos e novos mercados, o que será possível a partir da aquisição da Zurlo.”

De acordo com Linero são investidos, anualmente, 25% do EBITDA para a compra de máquinas e equipamentos e avanço em tecnologia e inovação. Em 2025 deve ser apresentado protótipo de produtos de aço verde em parceria com a Arcelor Mittal.

Sobre os próximos passos na verticalização do Grupo Ibero, que completou 25 anos de mercado e emprega em torno de 1 mil profissionais, o CEO assinalou que o ano que vem será reservado para pôr em prática as aquisições, de modo que eventuais novas compras ficarão para 2026.

 

Fonte: https://www.autodata.com.br/noticias/2024/11/11/grupo-ibero-amplia-verticalizacao-com-aquisicao-da-zurlo/80496/