13/04/18 13h49

Grupo espanhol planeja aplicar no país R$ 1,3 bilhão em "smart grid"

Valor Econômico

A Iberdrola planeja investir R$ 1,3 bilhão em redes inteligentes de energia elétrica, conhecidas como "smart grid", no Brasil, entre 2018 e 2022. A estimativa está incluída na estratégia da companhia de aplicar aproximadamente € 5,8 bilhões (o equivalente a R$ 24,4 bilhões) no país no mesmo período. Até o fim da próxima década, o Brasil deverá se tornar o maior mercado de distribuição do grupo, em número de clientes, alcançando 17 milhões de unidades consumidoras. E, dependendo do avanço regulatório brasileiro, a companhia espera atingir a universalização do atendimento digital para todos os seus clientes no país até 2030.

O primeiro projeto de redes inteligentes da companhia no Brasil será realizado pela Elektro, distribuidora que pertence à Neoenergia, empresa da qual a Iberdrola passou a maioria do capital (52,45%), no ano passado.

Com investimentos de R$ 103 milhões, o projeto piloto da Elektro será implantado em Atibaia, no interior de São Paulo. A iniciativa prevê a instalação de medidores inteligentes em 73 mil unidades consumidoras da Elektro, que correspondem por 3% do total de clientes da distribuidora. A meta é reduzir pela metade os indicadores anuais de duração e frequência de consumo, passando de dez horas para cinco horas e de seis vezes para três vezes, respectivamente.

O projeto da Elektro está diretamente relacionado com a estratégia global da Iberdrola, que investe em digitalização no setor elétrico desde 2007. Pela legislação espanhola, a companhia é obrigada a universalizar a digitalização de sua rede de distribuição até o fim deste ano. Para isso, a Iberdrola acumulou investimentos de € 950 milhões (aproximadamente R$ 4 bilhões) nos últimos dez anos.

Na Espanha, os resultados foram uma redução de 27% do indicador de duração de interrupção, passando de 73 minutos por ano, em 2010, para 53 minutos por ano, em 2017. No mesmo período, o índice de perdas recuou 13%, passando de 7,6% para 6,6%, restando praticamente apenas perdas técnicas.

"Cumprimos as obrigações e aproveitamos as oportunidades", afirmou o diretor global de Redes Inteligentes da Iberdrola, Nicolás Arcauz, que esteve no Brasil na última semana para participar do UTC América Latina (UTC AL Summit 2018), mais importante seminário da região sobre tecnologia da informação e comunicações para empresas de utilidade pública, no Rio.

Embora os investimentos em digitalização no Brasil sejam menores em comparação com a Espanha, a Iberdrola tem ambições no país, que responde por 43% do total de clientes (13,6 milhões de unidades) e 28% do total de energia consumida (64 terawatts-hora ano) do negócio global de distribuição da Iberdrola, que também possui distribuidoras na Escócia e Estados Unidos.

Considerando apenas o crescimento vegetativo, a Iberdrola prevê que, até 2030, o Brasil ultrapassará a Espanha em número de clientes atendidos pelo grupo, totalizando 17 milhões de unidades consumidoras e se consolidando como principal ativo de rede de distribuição da companhia no mundo. "Para nós, o Brasil é muito importante", explicou Arcauz.

Para que o grupo possa atingir a universalização da digitalização de sua rede de distribuição no Brasil, porém, a regulação brasileira precisa acompanhar o desenvolvimento tecnológico. Na prática, para que os investimentos em digitalização da rede elétrica possam ser realizados em larga escala, eles precisam ser reconhecidos pela Aneel e, com isso, serem incluídos nas tarifas de energia.

A expectativa entre os participantes do UTC AL Summit 2018 foi a de que a Aneel lançará no segundo semestre uma consulta pública para discutir o tema dos investimentos em digitalização. A abertura da consulta pública está incluída na agenda regulatória da autarquia para 2018.

Apesar de um impacto na tarifa de energia, Arcauz destacou que a implementação da digitalização em larga escala deverá reduzir os custos dos equipamentos, que são repassados ao consumidor. Segundo ele, na Espanha, quando o número de medidores digitais implantados cresceu de 100 mil para 3,3 milhões, o custo do aparelho caiu para 44% do valor inicial.